Dados do Trabalho


TÍTULO

COMPRESSAO DA VEIA ILIACA POR MIOMA UTERINO: RELATO DE CASO

INTRODUÇÃO

Os miomas uterinos, causados por proliferação excessiva das células do miométrio, são os tumores mais comuns em mulheres em idade reprodutiva, principalmente devido à influência hormonal do estrogênio. Estima-se que em 50% dos casos a condição é assintomática, enquanto que os outros 50% podem apresentar sintomas variados, dependendo da área acometida. Alguns dos sintomas incluem sangramento uterino anormal, dor abdominal, hidroureter e/ou hidronefrose, abdome agudo e trombose venosa profunda (TVP).
O mecanismo fisiopatológico da TVP por mioma uterino consiste principalmente na estase venosa causada pela compressão das veias ilíacas. Apesar dos miomas uterinos serem comuns, existem poucos casos relatados de acometimento dos membros inferiores causados por compressão das veias ilíacas. Dessa forma, este trabalho tem como objetivo descrever um desses casos raros, em que houve compressão sintomática da veia ilíaca por um mioma uterino.

RELATO DE CASO

C.F.B., sexo feminino, 42 anos, procurou atendimento médico em janeiro de 2019 com queixas de edema em membro inferior esquerdo ao permanecer sentada. Refere que desde 2010 apresentava episódios intermitentes de calor que acometiam esse mesmo membro. Possui histórico familiar de varizes, trombose e erisipela além de ter passado por cirurgia para retirada de mioma uterino. Está tentando engravidar desde 2016, sem sucesso.
A primeira suspeita foi de Síndrome de Cockett (compressão da veia ilíaca esquerda pela artéria ilíaca direita), e então foi solicitado um ecodoppler, o qual evidenciou variação no fluxo venoso, volume de fluxo e velocidades com discreta diferença entre o lado direito e esquerdo, além de redução no calibre da veia ilíaca comum esquerda no cruzamento com a artéria ilíaca direita.
Em seguida, foi realizada uma angiotomografia computadorizada a qual mostrou aumento no volume uterino, que causava compressão da veia ilíaca externa esquerda.
Foi indicado então, histerectomia total abdominal para resolução do caso, que aguarda decisão da paciente devido ao desejo de engravidar da mesma.

DISCUSSÃO

Sabe-se que a TVP é uma complicação comum após cirurgias, especialmente as ginecológicas. Paradoxalmente, no caso apresentado, a histerectomia é indicada como profilaxia e tratamento a TVP. O manejo como um todo varia conforme o desenrolar de cada caso. Uma vez que não exista o desejo de engravidar, realiza-se a histerectomia total, o que soluciona definitivamente o problema.
Isso demonstra a importância e a raridade do caso, em que uma condição relativamente simples e comum entre as mulheres pode levar à graves consequências, além da TVP, como insuficiência venosa crônica, tromboembolismo pulmonar e acidente vascular encefálico isquêmico. Dessa forma, ressalta-se a importância de investigar condições extravasculares que possam predispor a estase venosa, evitando a ocorrência de danos irreversíveis ao sistema venoso ou até mesmo morte.

Área

CIRURGIA VASCULAR

Instituições

Instituto Vascular - Paraná - Brasil

Autores

Henrique Augusto Spies Adamy, Eduarda Maria Schroeder, Ana Carolina Ribeiro, Jalyson Freitas de Souza, Jeferson Freitas Toregeani