Dados do Trabalho
TÍTULO
TRATAMENTO DE SINDROME DO INTESTINO CURTO COM APENAS DIETA ORAL: RELATO DE CASO
INTRODUÇÃO
A síndrome do intestino curto (SIC) resulta de um comprimento total de intestino delgado que é inadequado para manter as necessidades nutricionais basais. Em adultos, cerca de 75% dos casos de SIC devem-se às ressecções intestinais maciças, relacionadas a infarto mesentérico, volvo de intestino delgado, lesão traumática dos vasos mesentéricos e bridas. Em geral, observa-se a síndrome em pacientes com ressecções maiores que 70% de delgado ou remanescente menor que 200 cm, com pior prognóstico se associado ao comprometimento do íleo terminal. Um intestino remanescente com comprimento inferior à 50 cm de jejuno-íleo em adultos, está associado à uma mortalidade de 43% em 5 anos. Diante disso, o objetivo deste relato é apresentar um caso de SIC com evolução pós-operatória favorável.
RELATO DE CASO
Paciente J. I. A. de 57 anos, sem comorbidades, com história de episódios recorrentes de semi-oclusão intestinal associado à resposta parcial ao tratamento clínico há cerca de quatro anos. Possuindo antecedente de três procedimentos cirúrgicos abdominais prévios. Deu entrada em nosso serviço em vigência de novo episódio de dor abdominal difusa tipo cólica, associada a distensão e vômitos de conteúdo entérico há dois dias, porém mantendo flatos. Negava febre, alterações urinárias e ginecológicas. Ao exame, apresentava distensão abdominal, dor difusa à palpação, timpanismo, ruídos hidroaéreos aumentados, sem massas ou visceromegalias. Sem sinais de peritonite. Durante a propedêutica, rotina laboratorial sem alterações significativas. Radiografia de abdome agudo evidenciando distensão e níveis hidroaéreos em alças de delgado e ausência de ar em ampola retal. Iniciadas medidas clínicas, com resposta não satisfatória. Realizou-se tomografia computadorizada de abdome total com contraste, com sinais de abdome agudo obstrutivo, sem identificação de ponto exato de obstrução. Indicada a laparotomia exploradora sendo observado alças de delgado bloqueadas por extensas aderências rígidas. Procedeu-se a enterectomia com preservação de 75 cm de jejuno e anastomose latero-lateral ao cólon transverso. Paciente apresentou evolução favorável sem necessidade de dieta parenteral ou enteral, com alta hospitalar no sétimo dia pós-operatório. Mantém acompanhamento nutricional ambulatorial sem alterações laboratoriais importantes.
DISCUSSÃO
As consequências fisiopatológicas após ressecção intestinal dependem do comprimento e do local da ressecção. A preservação de menos de 100 cm de delgado provavelmente resultará na necessidade de nutrição parenteral. Entretanto, quando se mantém pelo menos 50 cm de jejuno-íleo com anastomose ao cólon a provável via de nutrição final será a oral. Enfim, associa-se a evolução favorável da paciente, apesar da extensa ressecção intestinal, à preservação de grande parte do cólon com anastomose primária. A literatura para os cuidados nutricionais pós-operatórios de pacientes com SIC ainda é escassa. Ressalta-se a necessidade de mais estudos.
Área
INTESTINO DELGADO
Instituições
Universidade de Uberaba - Minas Gerais - Brasil
Autores
Gabriela Lima Alves, Guilherme Eustáquio Rodrigues, Felipe Massão Estima, Felipe Cândido Borges, Yan Barreto Jardim, Gabriele Castro Marçal, Everton Dias Junior