Dados do Trabalho
TÍTULO
TORACOTOMIA DE RESSUSCITAÇÃO: IMPORTÂNCIA DO PINÇAMENTO AÓRTICO
INTRODUÇÃO
A Toracotomia de Ressuscitação (TR) na sala de emergência é um procedimento heroico que pode oferecer a única esperança para pacientes “in extremis”, ou seja, quase morto, mas ainda com sinais vitais ou, pelo menos, sinais de vida detectáveis. Seus resultados são controversos, pois apresenta baixa sobrevida e expõe toda equipe assistente a riscos biológicos. É indicada em poucas situações, como ausência de pulso periférico com sinais de vida ou parada cardíaca (PC) presenciada após trauma torácico penetrante. O clampeamento da aorta (CA) supra diafragmática é um dos tempos fundamentais deste procedimento por redistribuir o fluxo sanguíneo para cérebro e coronárias. Este trabalho aborda uma ressuscitação bem-sucedida, com preservação neurológica mesmo após parada cardiorrespiratória e midríase devido a trauma a torácico penetrante.
RELATO DE CASO
Descrevemos o caso de paciente vítima de ferimento penetrante por arma branca em hemitórax direito associado a hemotórax. Deu entrada na sala de emergência com instabilidade hemodinâmica e, após intubação orotraqueal, apresentou parada cardiorrespiratória evoluindo com midríase bilateral. Foi submetido a TR que permitiu aliviar tamponamento cardíaco, visualização de lesão em ventrículo direito de cerca de dois cm, controle de sangramento digital, reparo da lesão através de sutura e CA. Neste momento houve retorno do ritmo cardíaco e iniciou-se a hemotransfusão maciça. Pupilas estavam em midríase e se tornaram mióticas após alguns segundos de CA. Foi encaminhado ao Centro Cirúrgico para finalizar o procedimento. O tempo total de CA foi de dezessete minutos. Paciente evoluiu com Insuficiência Renal Aguda (IRA) com necessidade de Hemodiálise, Síndrome do Desconforto Respiratório Agudo, Empiema e Abcesso Pleural. Recebeu alta hospitalar após sessenta e seis dias de internação sem déficit neurológico e recuperação da função renal.
DISCUSSÃO
Em pacientes vitimas de trauma torácico penetrante com presença de sinais de vida na chegada e submetidos a TR a taxa de sobrevida global é cerca de 21,3% e sobrevida sem sequelas neurológicas de cerca de 11,7%. Após 5 minutos de parada cardíaca o cérebro começa a apresentar danos permanentes, mesmo em situações ideais. O CA é de fundamental importância, por redirecionar o baixo volume sanguíneo circulante para cérebro, coração e pulmões, e manter perfusão cerebral mínima, evitando surgimento ou agravamento de lesões permanentes durante a ressuscitação, e, possivelmente, diminuir a hemorragia distal. Apesar de sua relevância, o CA apresenta efeitos colaterais importantes, como IRA, e deve ser retirado assim que os objetivos da ressuscitação forem alcançados até 30 minutos, devido a baixa tolerância das vísceras abdominais a isquemia quente.
Área
TRAUMA
Instituições
HOSPITAL DE URGÊNCIAS DE GOIÂNIA - Goiás - Brasil
Autores
TALYSSA JUNQUEIRA ARANTES, ANTONINO CAETANO DE SOUZA NETTO, ALAN KAGAN, LEOLÍDIO VITOR PEREIRA, JOSE GERALDO MORAES SAMPAIO NETO