Dados do Trabalho


TÍTULO

ABSCESSO HEPATICO SECUNDARIO A PERFURAÇAO GASTROINTESTINAL: UM RELATO DE CASO

INTRODUÇÃO

A perfuração do trato gastrointestinal (TGI) por ingestão de corpo estranhos é extremamente rara, representa menos de 1% dos casos e a causa mais comum é a ingestão acidental de espinha de peixe. Cerca de 75% dos corpos estranhos ingeridos se impactam ao nível do cricofaríngeo e mais de 90% passam pelo TGI, sendo raras as complicações graves. A dificuldade na suspeita diagnóstica leva ao diagnóstico tardio e consequentemente ao pior prognóstico, o que pode resultar em alta mortalidade.

RELATO DE CASO

DGS, masculino, 67 anos, admitido no Hospital Regional de Taguatinga com relato de dor abdominal difusa há 30 dias, em queimação, associada a perda de peso, inapetência e febre não aferida. Ao exame apresentava-se hipotenso, desidratado, ictérico, taquicárdico com abdome doloroso à palpação de hipocôndrio direito. Exames laboratoriais apresentavam leucocitose, bilirrubina direta aumentada, elevação da creatinina sérica, uréia e TGO. Foi instituída antibioticoterapia empírica com meropeném, além de uso de noradrenalina devido ao quadro de choque séptico. Realizada tomografia computadorizada (TC) de abdome sem contraste com lesão cística/necrótica multiloculada no segmento hepático IV medindo cerca de 12 x 9 cm sugestiva de abscesso ou lesão neoplásica.
No 7º dia de internação, já sem uso de droga vasoativa, mantinha leucocitose, sendo optado por associar vancomicina. Submetido a nova TC, dessa vez com contraste, que evidenciou abscesso hepático com volume estimado em 1L. Realizada laparotomia exploratória com drenagem de cerca de 1L de conteúdo purulento no segmento hepático VII com retirada de uma espinha de peixe em loja de abscesso. Paciente evoluiu com melhora do quadro álgico e laboratorial recebendo alta hospitalar no 6º dia pós-operatório.

DISCUSSÃO

Apesar de cada vez mais reconhecida, a associação entre abscesso hepático e perfuração do TGI ainda tem baixo grau de suspeição devido à sintomatologia variada e a dificuldade em obter dados durante a anamnese, visto ser comum o esquecimento da ingestão de corpo estranho por parte dos pacientes.
A ecografia de abdome pode ser de grande ajuda para o diagnóstico, porém o exame de imagem padrão-ouro é a TC com contraste, que delimita com mais precisão a extensão e localização do corpo estranho. Se não diagnosticada rapidamente, a perfuração por corpo estranho pode levar à morte devido a complicações, que variam desde alterações inflamatórias leves até a formação de abscessos, obstrução intestinal e sangramento. O tratamento mais recomendado para esse tipo de abscesso é drenagem cirúrgica com remoção do corpo estranho associado à antibioticoterapia.

Área

FÍGADO

Instituições

Hospital Regional de Taguatinga - Distrito Federal - Brasil

Autores

Fábio França de Souza, Phábio Claudino Estrela Terra Theodoro, Camila Temporim de Alencar, Mariana Magalhães Rodrigues dos Santos, Juliana Regis de Almeida, Lucas Macedo Alves, Lucas de Oliveira Silva, Renato de Lima