Dados do Trabalho
TÍTULO
RELATO DE CASO: CARCINOMA GASTRICO EM ESTOMAGO EXCLUSO DOZE ANOS APOS GASTROPLASTIA REDUTORA EM Y DE ROUX
INTRODUÇÃO
O câncer gástrico representa a 5ª neoplasia maligna mais diagnosticada e a 4ª causa de morte associada a neoplasia no mundo. Em estudos recentes a obesidade tem se associado de forma importante a este tipo de neoplasia, mesmo em pacientes submetidos a cirurgia bariátrica. A incidência do câncer gástrico nestes pacientes, apesar de baixa é maior que na população geral, representando 0,8% dos casos. O prognóstico costuma ser reservado devido ao diagnóstico tardio, o que se justifica pela sintomatologia inespecífica e pela dificuldade do acesso ao estômago excluso pelas técnicas clássicas, como a Endoscopia digestiva alta.
RELATO DE CASO
Paciente, sexo feminino, 65 anos, antecedente de Gastroplastia redutora com reconstrução em Y de Roux há 12 anos comparece a consulta com dor abdominal intensa há 15 dias em epigástrico e abaulamento local. Negou perda ponderal. Ao exame apresentava massa palpável volumosa, móvel e sem irregularidades. A tomografia de abdome evidenciou espessamento parietal em antro e piloro gástricos. Devido a suspeita de lesão maligna optado por Laparotomia. No intra-operatório identificado estômago excluso com distensão importante, realizado punção, com saída de 2500 mL de liquido citrino. Identificado processo tumoral em região antro-pilórica com infiltração da serosa, aderência em cabeça pancreática e retroperitônio. Retirados fragmentos da parede gástrica e peritônio, e encaminhados para congelação que identificou respectivamente, carcinoma pouco diferenciado com invasão da parede gástrica e infiltração de carcinoma de células incoesas de alto grau nuclear com invasão angio-linfática. Optou-se na sequência pela gastrostomia descompressiva. Paciente permaneceu sob cuidados intensivos por 48h, apresentou boa evolução clínica, recebendo alta no 4º dia de pós-operatório com seguimento ambulatorial com a Oncologia clínica.
DISCUSSÃO
O seguimento dos pacientes submetidos a Gastroplastia em Y de Roux demonstrou maior risco de câncer gástrico quando comparado a população geral. A cirurgia apresenta-se como fator de risco apesar de seus mecanismos não estarem completamente elucidados. A teoria mais aceita atribui o contato crônico da mucosa gástrica com a secreção biliar, levando a uma inflamação crônica, que predispõe a carcinogênese. O diagnóstico nestes pacientes tem se mostrado um desafio, devido ao difícil acesso ao estômago excluso e ao quadro clínico inespecífico. A endoscopia digestiva alta muitas vezes não ultrapassa o Y de Roux, sendo incapaz de avaliar alterações da mucosa gástrica que poderiam acelerar o diagnóstico e identificar lesões precursoras. Nesse contexto, novas técnicas como a Enteroscopia e Ultrassonografia endoscópica têm se mostrado úteis, e acelerado o diagnóstico, no entanto ainda são uma realidade distante para maior parte da população, e muitas vezes a laparotomia é indicada. Desta forma um alto índice de suspeição para neoplasia maligna deve ser considerado para estes pacientes e deve-se proceder precocemente a investigação.
Área
CIRURGIA DA OBESIDADE - METABÓLICA
Instituições
Faculdade de Medicina de Botucatu - São Paulo - Brasil
Autores
Bárbara Parente Coelho, Paulo Lucisano Bin, Celso Vieira Souza Leite, Walmar Kerche Oliveira, Luiz Eduardo Naresse