Dados do Trabalho
TÍTULO
RUPTURA TOTAL DE BRONQUIO PRINCIPAL DIREITO POR TRAUMA TORACICO FECHADO: UM RELATO DE CASO
INTRODUÇÃO
A ruptura brônquica é uma complicação infrequente, corresponde a 0,2% dos traumas torácicos contusos, mas potencialmente grave, com mortalidade girando em torno de 30% dos casos.
RELATO DE CASO
Paciente EJSF, feminino, 32 anos, previamente hígida, vítima de acidente motociclístico. Queixa de dor em membro superior direito, região escapular e em hemitórax direito. Ao exame de admissão, apresentava crepitação em hemitórax direito, sem sinais hipotensão, presença de escoriações em perna direita e dor a mobilização do ombro direito. A radiografia de tórax evidenciou pneumotórax extenso à direita, sendo realizada drenagem. A imagem radiográfica pós-drenagem evidenciou manutenção do pneumotórax e pulmão não reexpandido. Dreno em selo d’água com importante escape aéreo pelo dreno de tórax. Paciente manteve-se dispneica, hipoxêmica e com queda da saturação de oxigênio para 70%. Encaminhada para unidade de terapia intensiva (UTI), evoluindo com hemoptise e hipotensão. Pela suspeita de lesão de brônquio-fonte direito, foi indicada a intubação orotraqueal seletiva com tubo duplo lúmen. Ao mesmo momento, foi introduzido outro dreno de tórax em 7° espaço intercostal (EIC) à direita. No dia posterior, foi submetida à toracotomia com acesso posterior em 5° EIC à direita, identificada ruptura total de brônquio fonte direito. Realizada ligadura da veia ázigo na parte posterior do tórax, dissecado parte do brônquio fonte e desbridado tecido da borda a fim de expor melhor as estruturas a serem suturadas. Realizada sutura contínua em região anterior e sutura simples em região membranosa posterior com fio Prolene 3-0. Paciente saiu do centro cirúrgico extubada, sem droga vasoativa e estável. Evoluiu estável em UTI, queixa de dor em hemitórax direito e via aérea muito secretiva. Paciente retirou drenos e recebeu alta da UTI quatro dias após ato cirúrgico.
DISCUSSÃO
A ruptura brônquica no trauma torácico contuso possui maior incidência em traumas automobilísticos, população menor de 40 anos, com relação 3:1 para o sexo masculino e maior incidência em brônquio fonte direito. O quadro clínico inclui dispneia (90%), enfisema mediastinal e subcutâneo (65%), hemoptise, pneumotórax com importante escape aéreo, atelectasia e falha na reexpansão pulmonar após drenagem de tórax. O diagnóstico se dá com achados clínicos, radiológicos e endoscópicos. Quando há ruptura bronquial completa, o sinal radiográfico característico do quadro é o “sinal do pulmão caído com hilo ausente”, por causa da perda do suporte brônquico. A broncoscopia é o melhor exame para identificar o local e as características da lesão. A Tomografia Computadorizada possui vantagem em relação à radiografia, definindo as estruturas mediastinais e sua relação com a traqueia e brônquios. Quando há ruptura brônquica com escape aéreo massivo, deve ser realizada a intubação orotraqueal seletiva com tubo duplo lúmen, ventilando unicamente o pulmão não lesado. A cirurgia deve ser imediata caso as medidas iniciais não estabilizem o paciente.
Área
TRAUMA
Instituições
Hospital Geral de Vitória da Conquista - Bahia - Brasil
Autores
Wanderson Silva Souza, Marclei Pereira Oliveira, Vitor Coleta Cesare Meneghini, Allan Chastinet Pitangueira Santana, Antônio Luís Penna Costa