Dados do Trabalho


TÍTULO

TRAUMA ABDOMINAL CONTUSO, SUA ABORDAGEM E SUAS COMPLICAÇOES, APOS ACIDENTE DE TRANSITO EM RIO BRANCO-AC.

INTRODUÇÃO

Laceração do fígado, pâncreas, via biliar e vascularização adjacente no trauma contuso é incomum e desafiadora para os cirurgiões. Considera-se a Coledocojejunoanostomose em Y de Roux o tratamento apropriado. Bons resultados nesse procedimento envolvem muita experiência e habilidade. Os autores relatam um caso que fortalecerá a prática cirúrgica e enriquecerá a literatura médica.

RELATO DE CASO

Paciente masculino, 44 anos, vítima de acidente de trânsito, chega ao pronto socorro com trauma abdominal contuso. USG-FAST mostrou líquido na cavidade abdominal. Foi realizada Laparotomia Exploratória (LE) por incisão mediana longitudinal, que evidenciou sangue e bile na cavidade peritoneal, hematoma retroperitoneal, laceração do fígado, avulsão de vias biliares, lesão da veia gástrica esquerda, artéria gastroduodenal e cabeça do pâncreas. Feita Colecistectomia e posicionou-se 2 drenos: à luz do colédoco avulsionado (dreno de Kehr) e outro à região umbilical (dreno túbulo-laminar). Colangiorresssonância no 10º dia após o trauma mostrou aumento do pâncreas. Paciente evoluiu com coleção de líquido intracavitário, que se exteriorizou por deiscência de sutura em região periumbilical, sendo reoperado no 16º dia de pós-operatório. Sob anestesia geral, foi feita relaparotomia. Diagnóstico pré-operatório: coleperitônio, colédoco com avulsão total a ±3cm e lesão esfacelante na cabeça pancreática. Transoperatório: Second look da via biliar. Observou-se bloqueio de alças e bile em leito hepático. Colédoco com diâmetro de ±1,0cm foi separado e debridado. Enterectomia a 40cm do Ângulo de Treitz. Em seguida, Coledocojejunoanastomose e Reconstrução em Y de Roux. Dreno posicionado no Espaço de Morrison. Não houve intercorrências. Após duas semanas, bacterioscopia de líquido intra-abdominal revelou Klebsiella pneumoniae.

DISCUSSÃO

Notável caso, pois teve agravos pouco descritos na literatura médica. Lesão de via biliar em trauma contuso é rara, ocorrendo 82% das vezes na borda superior do pâncreas (NAGEM, 2013). FAST feito à chegada do paciente foi o maior avanço na abordagem de contusões e é ideal para pacientes vítimas de trauma, devido à rapidez na busca de coleções intracavitárias. Se paciente instável e FAST positivo, deve ser imediatamente realizada LE (DOHERTY, 2017). Sobre deiscência, ocorre de 1-3% dos pacientes com cirurgias abdominais, sobretudo 7-10 dias após a cirurgia. Há fatores associados à ocorrência de deiscência e alguns foram vistos no caso: cirurgia de emergência, infecção intra-abdominal, doenças sistêmicas (DM e HAS), obesidade e sítio cirúrgico extenso. Diabéticos têm mais chance de desenvolver infecção, pois a hiperglicemia causa disfunção da imunidade celular (TOWNSEND, 2014). A DM interfere no processo de cicatrização, pois é imunossupressora (JÚNIOR, 2015). O IMC é outro fator que atua na cicatrização. A chance de ocorrer deiscência aumenta conforme a idade (CARVALHO, 2010). São importantes estudos e descrições acerca do tema, para o fortalecer a prática cirúrgica.

Área

TRAUMA

Instituições

UNIVERSIDADE FEDERAL DO ACRE (UFAC) - Acre - Brasil

Autores

VICTOR JUDISS LUMES, ALOYSIO IKARO MARTINS COELHO COSTA, ALANA SPERANDIO PORTO, MARIANA FREITAS FRATARI MAJADAS, Vanessa França Domingos, Marcos Daniel Sousa Xavier