Dados do Trabalho
TÍTULO
TRATAMENTO NAO OPERATORIO EM TRAUMA HEPATICO PENETRANTE: UM RELATO DE CASO DE SUCESSO.
INTRODUÇÃO
Devido à localização anatômica, o fígado é o segundo órgão mais lesionado em trauma penetrante. Seu trauma é classificado em 5 graus de lesões, sendo a maioria grau I, II ou III, tratadas com manejo não cirúrgico. Já a maioria IV ou V resultam em laparotomia. Apesar do trauma hepático ser a principal causa de morte no trauma abdominal grave, estima-se que 70% dos pacientes com lesões hepáticas possam ser tratador de forma não operatória sem mortalidade relacionada ao fígado, exceto suas contraindicações, como instabilidade hemodinâmica após manejo inicial, lesão por arma de fogo, ausência de ambiente clínico apropriado e casos em que haja outra indicação para cirurgia abdominal.
RELATO DE CASO
S.R.N, feminino, 39 anos, previamente hígida. Trazida pelo SIATE a um Hospital de Curitiba-PR, vítima de FAF em tórax com orifício de entrada em 3º EIC de hemitórax direito em linha hemiclavicular e orifício de saída infraescapular à direita. Paciente foi intubada em cena, devido à cianose intensa e rebaixamento do nível de consciência, recebeu 1L de Ringer Lactato durante trajeto pré-hospitalar. Ao hospital, recebeu atendimento conforme protocolo do ATLS. Paciente se encontrava com IOT e VM, colar cervical e tábua rígida. À ausculta torácica, MV+ bilateralmente, diminuído em base direita, BCRNFSS, SpO2 95%. Abdome flácido, pelve estável, pulsos periféricos + e simétricos, PA 60x38 e FC 109. Exame neurológico com pupilas isomióticas e RASS –5. Administrou-se 2 CH + 0,5L de cristaloide + ácido tranexâmico. Feita drenagem de tórax à direita na sala de emergência, com saída imediata de ar e quantidade moderada de sangue, feito FAST na sequência. US negativo para líquido livre em cavidade abdominal e ausência de derrame pericárdico
Após atingir estabilidade hemodinâmica, a paciente foi encaminhada à tomografia, evidenciando hemotórax residual à direita, sem pneumotórax e com dreno bem alocado, além de sinais de cavitação aérea e contusão pulmonar importante à direita. TAC de abdome/pelve com mínima quantidade de líquido perihepático, hematoma intraparenquimatoso hepático com discreto pneumoperitônio perihepático. Ao estudo de trajeto, evidenciou lesão diafragmática e hematoma intrahepático volumoso, sem risco para área cardíaca ou vísceras ocas abdominais. Na conduta, optou-se por tratamento não operatório abdominal devido à compensação hemodinâmica e parada do sangramento ativo, com manutenção posterior de estado volêmico e encaminhamento à UTI. Realizado internamento ciente dos riscos de evolução para abscesso mamário, hemotórax coagulado, fístula biliar e hérnia diafragmática, com desfecho sem complicações.
DISCUSSÃO
O caso demonstra desfecho positivo para tratamento conservador em trauma hepático penetrante, apesar da instabilidade hemodinâmica no quadro inicial, evidenciando benefícios de insistir na estabilização hemodinâmica através do protocolo de transfusão maciça, permitindo aprofundar o estudo referente ao trajeto do FAF através de TC e optar por abordagem conservadora.
Área
TRAUMA
Instituições
HOSPITAL UNIVERSITÁRIO CAJURU - Paraná - Brasil
Autores
GABRIELA RICHA ARTUZI, BARBARA SEIDINGER DE SOUZA, EMANUELLE THAIS ZANATTA, WILLIAM AUGUSTO CASTELEINS CECILIO, GABRIEL RAMOS JABUR, PAULA ALMEIDA PAMPONET MOURA, ANDRE BARAUSSE DA SILVA