Dados do Trabalho
TÍTULO
VAGOTOMIA EM ULCERA PEPTICA: AINDA HA ESPAÇO?
OBJETIVO
A úlcera péptica, entidade de alta prevalência na sociedade moderna, tem ampla diversidade terapêutica que envolve desde medicações orais até técnicas cirúrgicas minimamente invasivas. A vagotomia corresponde a uma técnica cirúrgica bastante utilizada no passado para o tratamento das úlceras pépticas. Com o surgimento de novas terapias não invasivas para o tratamento, bem como a ascensão do papel do H. pylori na fisiopatologia dessa patologia, interroga-se se a vagotomia ainda possui espaço nos dias atuais dentro do espectro do tratamento cirúrgico da úlcera péptica, levando em consideração a praticidade dos novos tratamentos e a morbidade associada à cirurgia.
MÉTODO
Realizou-se uma revisão narrativa da literatura médica utilizando os unitermos: Vagotomy e Peptic Ulcer, nas principais bases de dados, sendo selecionado artigos publicados nos últimos 5 anos. Foram selecionados artigos de revisão, revisões sistemáticas e metanálises. Do montante inicial de 7375 artigos, foram selecionados 32 artigos utilizando os seguintes critérios de inclusão: Artigo publicado em língua inglesa e portuguesa e texto completo disponível. Durante a seleção dos artigos foi proposto responder: 1) Posição do artigo quanto ao uso da vagotomia e 2) principais indicações vigentes da técnica. Foram excluídos os artigos em que as informações pesquisadas não se encontravam disponíveis explicitamente; sendo selecionados ao todo 19 artigos.
RESULTADOS
Ao todo foram revisados 19 artigos. As indicações para realização de vagotomia ainda presentes no tratamento cirúrgico da úlcera péptica foram relacionadas principalmente às úlceras com complicações prévias a cirurgia, úlceras refratárias a intervenção e úlceras complexas como: úlceras duodenais perfuradas crônicas; obstrução pilórica relacionado a úlcera péptica; recorrência de úlceras anastomóticas; úlceras sangrantes refratarias per si ou devido a outros tratamentos concomitantes como o uso de antiagregantes e anticoagulantes; úlceras associadas a colite por C. difficile e úlceras marginais refratárias. 8 dos artigos analisados apontavam benefícios diretos de se associar a vagotomia a abordagem e tratamento global da úlcera péptica, devido a prevenção de hiperplasia de células enterocromafins, redução do risco de cirrose hepática subsequente, melhora no processo de cicatrização pós cirurgia e redução do risco de diabetes mellitus tipo 2.
CONCLUSÕES
A análise dos artigos selecionados é unânime quanto à preservação da vagotomia como uma possibilidade terapêutica no manejo da úlcera péptica nos dias atuais, possuindo ainda indicações específicas e benefícios globais na terapia. Aponta-se sempre a prioridade na utilização de abordagens menos invasivas, sempre que estas estiverem disponíveis, restando à vagotomia a principalmente em casos não responsivos às terapias medicamentosas atuais e a ocorrência de complicações prévias a cirurgia, especialmente as complicações que envolvem sangramentos.
Área
ESTÔMAGO E DUODENO
Instituições
UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS - Goiás - Brasil
Autores
RICARDO VIEIRA TELES FILHO , VINÍCIUS GUILARDE ANCELMO, ISABELLA MENDES DE SOUZA JORGE , GUILHERME DE MATOS ABE , LUIZ CÉSAR DE CAMARGO FERRO, VICTÓRIA JÁCOME COELHO QUEIROZ , LUCAS HENRIQUE SOUZA DE AZEVÊDO