Dados do Trabalho


TÍTULO

FERIMENTO POR ARMA DE FOGO TRANSFIXANTE EM REGIAO TORACOABDOMINAL A DIREITA UM RELATO DE CASO

INTRODUÇÃO

Ferimentos em região toraco-abdominal cursam com lesão diafragmática em 48% dos casos, dos quais 8 a 10% são assintomáticos o que leva a um diagnóstico tardio. É observada em 0,1% das admissões nos serviços de trauma o bilioma que corresponde a uma coleção de bile, encapsulada ou não, fora da árvore biliar, com localização intra-hepática, de natureza iatrogênica ou causada por trauma abdominal.

RELATO DE CASO

F.E.P.O, masculino. Procurou atendimento no HPS de Canoas após ferimento por arma de fogo em hemitórax à direita supraescapular, membro superior direito e mão esquerda. O paciente apresentava-se estável, apresentando discreto enfisema subcutâneo, exame físico sem demais alterações e pulsos radiais presentes e simétricos. O exame de imagem evidenciou moderado derrame pleural e realizou-se drenagem de tórax fechada em selo d’água na sala de emergência com saída de 1000ml de conteúdo hemático. Após drenagem foi optado por realizar angioTc de vasos cervicais e tórax devido à persistência moderada de conteúdo hemático passado 12 horas do trauma. O exame de imagem evidenciou presença de volumosa coleção hipodensa com focos gasosos de permeio e realce parietal no espaço subfrênico direito, associado à contusão dos segmentos VI e VII do lobo hepático direito, acompanhado também de focos gasosos de permeio. Optou-se por tratamento conservador e observacional do trauma hepático penetrante. Transcorrido nove dias de internação houve piora de leucocitose, PCR e exame físico, foi realizado um novo exame de imagem que condizia com bilioma. Foi realizada laparotomia para lavagem e drenagem das cavidades abdominal e torácica e ráfia de diafragma.

DISCUSSÃO

A lesão do trato biliar extra-hepático é vista em 3-5% dos casos de trauma abdominal, sendo as lesões hepáticas mais frequentemente associadas a essas devido ao tamanho, localização e tensão de conteúdo. Drumond em 2012, o escape de conteúdo biliar costuma ser autolimitado, por essa razão a drenagem intra-abdominal infra-hepática resolve. Já Aurora em 2019, revela que a decisão do tratamento cirúrgico ou conservador depende de fatores como estabilidade hemodinâmica do paciente e resposta à administração de fluídos. O diagnóstico pode ser feito de maneira precoce através de tomografia computadorizada ou até mesmo pelo FAST, mas sempre levando em consideração as condições hemodinâmicas do paciente. As lesões associadas ao trauma diafragmático estão presentes na maioria das vezes no pulmão, estômago, fígado, baço e colón. Por apresentarem poucos ou nenhum sintoma, o diagnóstico se torna tardio, podendo resultar em complicações. Ainda faltam estudos que comprovem que o tratamento não operatório para lesões diafragmáticas deva ser realizado; no entanto, através de trabalhos experimentais realizados, é possível dizer que os ferimentos diafragmáticos pequenos e os do lado direito sejam aqueles com cicatrização espontânea e, portanto, admitirão um tratamento conservador.

Área

TRAUMA

Instituições

ulbra - Rio Grande do Sul - Brasil

Autores

MARIANE MENEGAT MADRUGA, LAURA DE ROSS ROSSI, MONICA DE CAMPOS RODRIGUES, ROGÉRIO FETT SCHNEIDER, BÁRBARA MOLON ANDREAZZA, CAMILA BAUER ALBARRÁN