Dados do Trabalho


TÍTULO

SINDROME DE MIRIZZI: DIFICULDADE NO MANEJO EM PACIENTE COM DEFICIT INTELECTUAL

INTRODUÇÃO

A síndrome de Mirizzi se define pela obstrução do ducto hepático comum ou do colédoco, secundária à compressão extrínseca de cálculos impactados no ducto cístico ou infundíbulo biliar. É uma rara complicação, ocorrendo em pacientes portadores de colelitíase de longa data.
Este relato de caso tem por objetivo descrever o desafio na caracterização dos sintomas pela paciente com déficit intelectual diante de um caso de síndrome de Mirizzi.

RELATO DE CASO

VS, feminino, 41 anos, portadora de encefalopatia crônica não evolutiva compareceu ao PS de Cirurgia Geral do Hospital Regional de Taguatinga – DF no dia 19/02/18 com icterícia e colúria, portando USG apresentando colecistopatia crônica e dilatação das vias biliares intra e extra-hepáticas. Foram feitos exames laboratoriais que mostraram hiperbilirrubinemia direta (4,6mg/dl). Foi internada para investigação, e durante o período a paciente não manifestava queixas, nem mesmo dor abdominal referida ou ao exame físico.
A colangioressonância magnética foi realizada no 9o dia do quadro, evidenciando colelitíase, provavelmente ocupando toda a luz da vesícula biliar, sendo o maior cálculo determinando compressão extrínseca do ducto hepático comum e moderada dilatação da via biliar a montante intra hepática, caracterizando Síndrome de Mirizzi.
Os níveis séricos de bilirrubina permaneceram em ascensão, chegando a 8,1mg/dl, além de elevação significativa de fosfatase alcalina (FA) e gamaglutamiltransferase (GGT). A paciente negava rotineiramente a presença de colúria, mas uma vez, esporadicamente, respondeu que havia sim esse sinal. Não sabia informar a coloração das fezes.
No dia 14/03 foi submetida a cirurgia, na qual foi identificada vesícula biliar esclerotrófica, intra-hepática, com paredes espessadas com cálculo único em seu interior; procedido dissecção de colédoco, torectomia com remoção de cálculo, passado dreno de Kehr e colangiografia intraoperatória.
No pós operatório, evoluiu bem clinicamente. No entanto, no 11o dia pós cirurgia, houve elevação da leucocitose sem foco determinado, até que no 14o dia, foi suspeitada de processo alérgico em acesso venoso periférico, mesmo sem queixa da paciente de dor, prurido ou outro sintoma. Com a troca do sítio de punção venosa, houve melhora. Paciente recebeu alta hospitalar no 16o dia de pós operatório, sem queixas, com bilirrubinemia total de 1,4mg/dl.

DISCUSSÃO

O reconhecimento da síndrome de Mirizzi ganha importância devido ao alto risco de lesões do ducto biliar durante a cirurgia, além da dificuldade inerente de não haver apresentação clínica e laboratorial específica. No caso apresentado, essa patologia mostrou-se mais desafiadora para ser bem caracterizada, visto que a paciente apresentava baixo nível de compreensão, negava sintomas típicos do quadro, como dor abdominal e colúria, além de não ter queixas espontâneas, exigindo da equipe assistente cuidado e atenção diferenciados, tornando também a internação bastante prolongada.

Área

VIAS BILIARES E PÂNCREAS

Instituições

ESCOLA SUPERIOR DE CIÊNCIAS DA SAÚDE - Distrito Federal - Brasil

Autores

Karina Mayara Miranda Estrela de Andrade, Áurea Mota Santana, Rodrigo Adriano De Felippes, Douglas Matheus Correia Silveira, Carla Taisi Aragão Bronzoni