Dados do Trabalho
TÍTULO
APRESENTAÇAO DE CISTO DE COLEDOCO EM ADULTO – RELATO DE CASO.
INTRODUÇÃO
Os cistos congênitos de ductos biliares são dilatações císticas de qualquer porção da via biliar, mais frequentemente identificados no ducto biliar comum. A patogênese, embora contestável, ocorre a partir de anomalias congênitas da junção pancreatobiliar, as quais permitem um retorno do suco pancreático para o colédoco. É uma patologia incomum, principalmente em adultos, e dois terços dos pacientes possuem sintomas inespecíficos como no relato de caso a seguir.
RELATO DE CASO
Mulher, 36 anos, há 3 anos refere icterícia intermitente, dor abdominal recorrente em região epigástrica, e náusea. Nega emagrecimento, acolia fecal, colúria e febre. Ao exame físico, encontrava-se anictérica, com dor abdominal à palpação profunda em região epigástrica, ausência de massas palpáveis, e sem outras alterações.
Exames laboratoriais não evidenciaram aumento de enzimas canaliculares, transaminases hepáticas, bilirrubinas, ou marcadores tumorais como: CEA, alfafetoproteínas, e CA 19-9.
Tomografia computadorizada de abdome evidencia acentuada ectasia do colédoco e dos ramos principais intra-hepáticos.
Colangioressônancia mostra dilatação difusa cística de ductos hepático comum, e colédoco (até 3,1 cm), ausência de dilatação dos ramos intra-hepáticos, compatíveis com cisto biliar tipo IA, segundo classificação de Todani.
Paciente foi submetida ao tratamento cirúrgico para ressecção do cisto por incisão subcostal direita, evidenciado cisto de aproximadamente três centímetros de diâmetro, sendo realizada colecistectomia, ressecção do cisto e hepático-jejunostomia termino-lateral em Y-de-Roux. Paciente evolui de maneira satisfatória, com alta no oitavo dia de pós-operatório. O histopatológico do segmento retirado confirmou cisto biliar sem sinais de malignidade.
DISCUSSÃO
Os cistos de vias biliares são considerados afecções incomuns, principalmente em adultos como no relato exposto, sendo que 75% dos casos aparecem antes dos 20 anos. Considera-se que ocorram a partir de um desenvolvimento anormal do sistema ductal pancreatobiliar, que permitiria o refluxo de suco pancreático para o colédoco, causando aumento da pressão intra-ductal, inflamação, enfraquecimento da sua parede, e dilatação do mesmo.
São classificados em cinco grupos de acordo com o local, extensão, e a forma das alterações císticas. Em 60% dos casos ocorre a dilatação cística da arvore biliar extra-hepática, englobados como tipo IA da classificação de Todani, como no relato descrito.
A tríade clássica (dor abdominal, icterícia e massa abdominal) abrange um terço dos pacientes, sendo na maioria oligossintomáticos, dificultando o diagnóstico e tratamento precoce, como na paciente em questão. A terapêutica empregada na maioria dos casos é cirúrgica, com excisão do cisto e reconstrução da drenagem biliar. Dado ao elevado risco de complicações severas, como colangite e neoplasia, em até 30% dos casos, é uma afecção que mesmo rara, deve ser lembrada como diagnóstico diferencial de outras patologias mais frequentes das vias biliares.
Área
VIAS BILIARES E PÂNCREAS
Instituições
Santa Casa de Misericórdia de Cuiabá - Mato Grosso - Brasil
Autores
Raíssa do Carmo Viturino, Bianca Faria Oliveira, Ian Ribeiro Rocha, Luigi Rodrigues Brianez, Alberto Bicudo Salomão, Felix Orellana Meza, Rodrigo Fonseca Caetano