Dados do Trabalho
TÍTULO
ABSCESSO HEPATICO PIOGENICO POR COMPLICAÇAO DE COLECISTITE INTRA-HEPATICA GANGRENOSA: UM RELATO DE CASO
INTRODUÇÃO
Abscesso hepático é uma afecção RARA com incidência estimada de apenas 0%-0,3% e com alta taxa de mortalidade, cerca de 15%. As causas são variáveis, abrangendo as infecções das vias biliares, portais e criptogênicas. O presente trabalho retrata um relato de caso de abscesso hepático por complicação de colecistite intra-hepática.
RELATO DE CASO
Homem, 45 anos, admitido no hospital queixando-se de dor no hipocôndrio direito, febre, náuseas, vômitos, perda de peso, anorexia e astenia há 8 dias. Ao exame físico, apresentava-se ictérico, febril e com sinal de Murphy positivo. A ultrassonografia mostrou sinais de colelitíase com colecistite, a tomografia, formação de abscesso hepático de dimensões de 10,1 x 7,9 x 7,2 cm, e a colangioressonância evidenciou derrame pleural bilateral e volumoso abscesso hepático nos segmentos V-VI-VI (12,6 x 10,3 x 11,3 cm), sendo iniciada antibioticoterapia de amplo espectro. Os exames laboratoriais revelaram leucocitose moderada (14.700/mm³) com neutrofilia, plaquetopenia (91.000/mm³), transaminases aumentadas e hiperbilirrubinemia (5,3 mg/dL), com predomínio de bilirrubina direta. No intra-operatório foi encontrada colecistite com vesícula intra-hepática, aderências intestinais no hipocôndrio direito e abscesso hepático, cuja cultura foi positiva para Enterobacter sp. resistente a ampicilina. Foi realizada drenagem do abscesso hepático, do tórax direito e colecistectomia. Devido ao sangramento profuso realizou-se o procedimento de packing. No pós-operatório imediato, o paciente foi admitido na UTI em estado grave, com aumento de INR e hiperbilirrubinemia (7,3 mg/dL) com predomínio de bilirrubina direta, sendo administrados concentrados de hemácias e plasma. Após 48 horas foi feita a retirada das compressas e drenagem de hemitórax esquerdo, além da colocação de dreno de penrose na cavidade do abscesso hepático. Com a manutenção da terapêutica de suporte e da antibioticoterapia de largo espectro, o paciente evoluiu bem, recebendo alta após 33 dias de internação. Cerca de três meses após alta, foi novamente admitido no hospital, com febre, astenia e anorexia devido à formação de novo abscesso hepático. Dessa forma, foi realizada punção direcionada por USG, com saída de secreção purulenta e cultura positiva para Klebsiella pneumoniae. Após drenagem e antibioticoterapia de largo espectro, paciente evoluiu bem e recebeu alta.
DISCUSSÃO
Embora a mortalidade associada ao abscesso hepático venha diminuindo ao longo do tempo pelos avanços nos métodos diagnósticos e terapêuticos, estágios avançados, como o relatado, ainda constituem um desafio para as abordagens médico-hospitalares, fazendo o desenvolvimento incomum apresentado, em que se obteve sucesso em recuperar um paciente que chegou ao estado geral grave por meio de complicações dessa afecção, digno de apresentação à comunidade científica.
Área
FÍGADO
Instituições
UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE - Rio Grande do Norte - Brasil
Autores
Danilo Alvarenga Ferreira, João Paulo da Silva Liberalino, Jonnathan Camara da Silva Vianna, Alcivan Batista de Morais Filho, Sonia Elizabeth Lopez Carrillo, Ellany Gurgel Cosme do Nascimento