Dados do Trabalho


TÍTULO

MANEJO DA DEFORMIDADE AURICULAR DE STAHL: UM RELATO DE CASO

INTRODUÇÃO

A deformidade auricular de Stahl é uma má formação rara, caracterizada por hipoplasia da raiz da anti-hélice com o alargamento de sua base e uma terceira raiz da anti-hélice conectando-a à parte posterior da hélice, deformando a porção posterossuperior do pavilhão auditivo. A correção cirúrgica é o tratamento definitivo, porém, pela diversidade de apresentações clínicas, não há uma técnica padrão para todos os casos. O método descrito neste relato é mais uma opção de tratamento e consiste na ressecção da terceira cruz e confecção da raiz superior da anti-hélice.

RELATO DE CASO

Paciente masculino, branco, 18 anos, apresentando deformidade auricular de Stahl bilateral. Submetido à correção cirúrgica, realizando a infiltração das incisões com ropivacaína 0,75% e adrenalina, numa proporção 1:100.000. Realizado acesso retroauricular na transição concha-anti-hélice com descolamento para região anterior, possibilitando o desenluvamento da orelha e exposição da terceira cruz. Realizada ressecção da terceira cruz com aproximação primária do defeito. Para confecção da raiz superior da anti-hélice, foi realizado enfraquecimento anterior da cartilagem com raspa metálica e pontos de Mustardè com mononylon 4.0. Redefiniu-se contorno uniforme da hélix com enfraquecimento posterior da cartilagem com lâmina de bisturi 15 e pontos em X para eversão, com mononylon 4.0. Realizado fechamento da incisão posterior em barra grega com mononylon 4.0. Curativo com gaze e neomicina nas incisões e capacete com ataduras estéreis e apósito mantido por 48 horas. Mesmo procedimento realizado em ambas orelhas. O resultado cirúrgico é demonstrado em pós-operatório tardio, no qual percebe-se pouca alteração de tamanho da orelha associada à ausência da terceira cruz, e hélice e raiz superior de anti-hélice presentes.

DISCUSSÃO

Alterações congênitas auriculares são definidas como malformações ou deformidades. Estas são caracterizadas por apresentar um componente condrocutâneo normal, mas com arquitetura anormal, divididas como constritas, proeminentes e deformidade de Stahl. Diversas técnicas para a correção cirúrgica desta afecção foram descritas, variando desde zetaplastia para realinhamento da terceira raiz, ressecção em cunha da cartilagem e enxertia local após sua reversão a procedimentos mais complexos, como realização de retalho periosteal do osso temporal para sustentação auricular. Há relatos de tratamento não operatório com talas utilizadas para moldar o pavilhão auricular com resultados satisfatórios se realizados no período neonatal. Variedades se justificam, pois existem graus diferentes de apresentação clínica da deformidade, portanto, seria difícil conseguir resultados consistentes com uma técnica cirúrgica padrão. Atualmente, modificações da técnica de Chongchet são as mais utilizadas para o tratamento. A deformidade auricular de Stahl é uma malformação rara, que pode trazer estigmatização ao paciente quando inserido no meio social. Descreve-se mais uma alternativa para tratamento satisfatório.

Área

CIRURGIA PLÁSTICA (Inclusive neoplasias malignas de pele)

Instituições

Hospital de Clínicas de Porto Alegre - Rio Grande do Sul - Brasil

Autores

João Maximiliano, Antônio Carlos Pinto Oliveira , Leonardo Milanesi Possamai, João Bombardelli, Marcus Vinicius Martins Collares, Thais Lins Soares Leite