Dados do Trabalho


TÍTULO

PANCREATITE AGUDA POR COLEDOCOLITIASE RESIDUAL POS-COLECISTECTOMIA: UM RELATO DE CASO

INTRODUÇÃO

A pancreatite aguda é causada por um processo inflamatório ocasionado pela ação de enzimas pancreáticas ativadas de modo inadequado.5 No ocidente, a incidência anual de pancreatite é de 10-20 casos a cada 100.000 pessoas, dos quais 35-60% têm relação com cálculos biliares.6 O presente trabalho visa relatar um caso de pancreatite aguda por coledocolitíase residual após mais de 5 meses da colecistectomia.

RELATO DE CASO

MHS, feminino, 65 anos, encaminhada para colecistectomia eletiva. Apresentava dor esporádica, sem histórico de pancreatite e nem icterícia, funções hepáticas e canaliculares normais e com evidência ultrassonográfica de litíase biliar. O transoperatório sucedeu-se com a retirada da vesícula biliar, com a identificação de ducto cístico normodistendido e sem sinais de cálculo em seu trajeto. Anatomopatológico compatível com colecistite crônica granulomatosa. Depois de mais de 5 meses da cirurgia, paciente apresentou síndrome clínica compatível com pancreatite (dor abdominal, náuseas e vômitos; amilase: 1482U/L) e evidência laboratorial de colestase (GGT:1032 U/L; FA: 712 U/L; Bilirrubina: 2,37mg/dL), além de cálculo de 1,0 cm no colédoco distal e dilatação da via biliar intra-hepática em TC de abdômen. Internou para tratamento da pancreatite, com analgesia, reposição volêmica e jejum, até que vômitos, náuseas e dor abdominal fossem inexistentes. No 2º dia de internação, apresentou pico febril e icterícia, iniciando-se antibioticoterapia com Ciprofloxacino e Metronidazol. Dois dias após internação, com melhora laboratorial e dos sintomas clínicos, uma nova TC de abdômen foi realizada que demonstrou resolução da dilatação da via biliar, identificando-se colédoco com calibre preservado (0,5 cm) e discreto edema peripancreático (Balthazar B). Paciente evoluiu sem queixas, recebendo alta no 5º dia após internação.

DISCUSSÃO

Os casos de pancreatite associados à colelitíase ou coledocolitíase descritos na literatura frequentemente ocorrem antes da colecistectomia. Assim, diferencia-se o presente caso, uma vez que a visualização do cálculo em vias biliares ocorreu mais de 5 meses após a essa cirurgia e apesar do tamanho do cálculo, ainda sim, ocorreu a migração espontânea. Acredita-se que, nesse caso, o desenvolvimento da pancreatite ocorreu pela migração de cálculo no colédoco não detectado durante a cirurgia ou pela formação e persistência incomum de cristais na bile hepática7, migrando posteriormente para o ducto colédoco. Conforme literatura, 1% a 2% dos pacientes apresentam cálculo residual após a colecistectomia, na situação em que a colangiografia não é realizada devido à falta de indicação, e em aproximadamente 10% dos pacientes assintomáticos é identificada coledocolitíase na colangiografia intraoperatória8,9.

Área

VIAS BILIARES E PÂNCREAS

Instituições

Hospital de Caridade de Ijuí - Rio Grande do Sul - Brasil

Autores

JEAN SANTOS MESADRI, ALENCAR JUNIOR LOPES PROENÇA, MARINA DA COSTA MAGALHAES, FERNANDO WEISS GUERRA, LUIZA GIULIANI SCHMITT, EDUARDA FERRETTI, LETICIA BEAL DILL, RAFAEL TELLO DURKS