Dados do Trabalho
TÍTULO
PERFURAÇAO DE ULCERA PEPTICA POR USO DE AINES EM UMA PACIENTE DE 22 ANOS DE IDADE
INTRODUÇÃO
A doença ulcerosa péptica (DUP) afeta 4 milhões de pessoas por ano, sendo uma de suas complicações mais temidas a perfuração, que acomete entre 2 e 14% dos pacientes e cuja mortalidade está entre 1,3 e 20%. Dentre as etiologias, destacam-se a infecção pelo Helicobacter pylori e o uso prolongado de AINEs. Pela sua gravidade, a perfuração por DUP tem de ser um dos diagnósticos diferenciais principais ao abordar um paciente com abdome agudo.
RELATO DE CASO
N.A.O.M., 22 anos, comparece ao pronto-socorro do Hospital da Asa Norte - DF no dia 15/05/18 relatando que, há 1 semana, iniciou dor torácica, que cedia com ou sem uso de analgésicos. Durante atendimento, foi solicitada radiografia de tórax. No mesmo dia, a dor subitamente se tornou difusa pelo abdome. Permaneceu a semana com dor abdominal, que melhorava com algumas posições de decúbito.
Há 2 dias da internação, houve intensificação importante da dor abdominal, procurando assistência, sendo solicitados exames laboratoriais, os quais se mostraram normais, tendo alta. Há 1 dia, com a persistência do quadro, procurou novamente serviço médico.
Chegou ao PS de Cirurgia Geral em grave estado geral, consciente, com fáscies de dor, tensão aumentada à palpação abdominal, com beta-HCG negativo e com USG de abdome total evidenciando endométrio espessado e líquido livre na cavidade pélvica. Negava comorbidades ou alergias.
Foi encaminhada para a equipe de Ginecologia, que indicou e iniciou laparotomia exploradora. Porém, a equipe da cirurgia geral foi acionada no intra-operatório sob suspeita de patologia não ginecológica.
Ao inventário da cavidade, notou-se pequena quantidade de líquido livre em cavidade abdominal, seroso e perfuração gástrica de aproximadamente 1 cm de diâmetro, em parede anterior de corpo gástrico, com saída de grande quantidade de secreção gástrica. Foi procedido exérese da borda de toda a extensão da úlcera para análise anatomopatológica e rafia primária da perfuração.
Como antecedentes, há 1 ano, iniciou cefaleia temporal, pulsátil, que cedia com analgésicos comuns, os quais utilizada cerca de 2 vezes por semana. Há 15 dias, realizou procedimento dentário, sendo prescrito AINEs para controle da dor.
No pós-operatório evoluiu bem. Recebeu alta hospitalar em bom estado geral, encaminhada para ambulatório de gastroenterologia.
DISCUSSÃO
O uso de AINEs é uma importante etiologia de DUP. A paciente em questão é jovem, sem comorbidades, não apresentava sintomas de dispepsia antes do caso e, devido a uma cefaleia, fazia uso de AINEs por semanas, intensificando o uso após procedimento odontológico.
Além disso, vemos a importância de levantar a perfuração de DUP como um dos diagnósticos diferenciais de um abdome agudo. No caso relatado, houve um grande distrator: uma ultrassonografia que apontava para acometimento ginecológico. Contudo, a tensão abdominal avaliada no exame físico da paciente e a dor importante tem de nos levar a cogitar uma irritação peritoneal por outra etiologia mais severa.
Área
ESTÔMAGO E DUODENO
Instituições
ESCOLA SUPERIOR DE CIÊNCIAS DA SAÚDE - Distrito Federal - Brasil
Autores
Karina Mayara Miranda Estrela de Andrade, Áurea Mota Santana, Rodrigo Adriano De Felippes, Douglas Matheus Correia Silveira, Carla Taisi Aragão Bronzoni