Dados do Trabalho


TÍTULO

ESOFAGOCOLOPLASTIA POR LESAO CAUSTICA TARDIA - RELATO DE CASO

INTRODUÇÃO

Substâncias cáusticas têm a capacidade de provocar lesões pela destruição da membrana celular e consequente necrose. Podem ser diferenciadas em ácidas e alcalinas, entre as alcalinas temos o hidróxido de sódio, mais conhecido como soda cáustica. As lesões alcalinas produzem necrose de liquefação com duração de 3 a 4 dias. A seguir, um relato de caso de tratamento da lesão tardia por soda cáustica.

RELATO DE CASO

Homem, 20 anos, refere ingestão de soda cáustica líquida voluntariamente. Primeira endoscopia digestiva alta evidenciou esôfago e estômago friáveis, edemaciados, com inúmeras erosões planas, Zagar IIA, com passagem de sonda nasoenteral. Feito nova endoscopia após 20 dias, esôfago e estômago, Zagar IIB com impossibilidade de progressão do aparelho após 10 cm da transição esofagogástrica. Realizado seriografia esofagogástrica com identificação de esofagite química, refluxo gastresofágico grau III e estenose gástrica. Durante o retorno no acompanhamento ambulatorial após 5 semanas do evento, paciente queixa de incapacidade de deglutição. Realizado 02 tentativas de dilatação endoscópica no período, sem sucesso pois havia estenose em terço superior do esôfago, impossibilitando a entrada do aparelho, optado então por realizar jejunostomia para nutrição e programar cirurgia. Após o 7º mês da lesão foi realizado o procedimento e identificado estômago incapaz de ser utilizado para substituição esofágica pelo acometimento, decidido por realizar esofagocolopastia, antiperistalse, transhiatal. Pós operatório na UTI, evoluindo no 7º dia de pós-operatório com fístula da anastomose cervical, que após abertura dos pontos e dieta via jejunostomia apresentou fechamento espontâneo ao 16º dia. Ao iniciar a dia oral, paciente apresentou regurgitações importantes, que melhorou após tratamento clínico. Na alta, negava queixas de disfagia.

DISCUSSÃO

A apresentação clínica mais precoce da lesão por soda cáustica é a dor para deglutir decorrente do espasmo, edema e inflamação ao nível da lesão. A classificação endoscópica aguda mais utilizada é a de Zagar, sendo Zagar 0, normal, I edema e hiperemia, Zagar IIA, úlceras superficiais e IIB úlceras profundas, IIIa necrose focal, IIIB necrose extensa, lesões IIB estão associados à estenose em 15-30% dos casos. A manifestação da lesão cáustica tardia mais comum é a estenose esofágica, frequente após os dois meses do evento inicial, embora possa surgir após 2 anos, e também conduz à alterações do esfíncter esofagiano inferior, com refluxo gastroesofágico, que favorece à estenose, no relato apresentado, paciente com manifestações de estenose e refluxo, sendo a primeira de forma mais precoce que na literatura. As opções terapêuticas na estenose são a dilatação endoscópica ou a resolução cirúrgica, no caso de falência da tentativa endoscópica, deverá aguardar no mínimo 6 meses para o procedimento, diminuindo assim o risco de estenose da anastomose, pensando nessa complicação a cirurgia do caso relatado foi realizado 7 meses após o evento.

Área

ESÔFAGO

Instituições

Santa Casa de Misericórdia - Mato Grosso - Brasil

Autores

Bianca Faria Oliveira, Raissa do Carmo Viturino, Felix Valentin Orellana Meza, Ian Ribeiro Rocha, Glen Carlo De Arruda, João Leão Pinho Neto