Dados do Trabalho


TÍTULO

APENDICITE AGUDA COMO PRIMEIRA MANIFESTAÇAO CLINICA DE ENDOMETRIOSE EM MULHER JOVEM: RELATO DE CASO

INTRODUÇÃO

A endometriose é caracterizada pela presença de tecido funcional semelhante ao endométrio fora da cavidade uterina, mais comumente no peritônio pélvico, nos ovários e septo retovaginal. É importante a diferenciação da apendicite no sexo feminino com as afecções pélvicas, como doença inflamatória pélvica, endometrite e abscesso ovariano. O objetivo desse estudo é elucidar um caso atípico no qual ocorreu endometriose intestinal e apendicite aguda concomitantemente, sendo a intervenção cirúrgica diagnóstica e terapêutica para a endometriose.

RELATO DE CASO

Paciente feminino, 28 anos de idade, sem comorbidades, apresentou desconforto abdominal difuso, seguido de localização da dor em FID, náuseas e hiporexia. Dias antes do início da dor, relatava obstipação. Ao exame físico apresentava sinais de Blumberg e Rovsing, sem sinais de instabilidade hemodinâmica, além de leucocitose com desvio à esquerda e proteína C reativa elevada. Realizada TC de abdome com contraste, a qual evidenciou apêndice cecal localizado na FID, apresentando sinais inflamatórios caracterizados pelo aumento de seu calibre, espessamento parietal e borramento do tecido adiposo peri-apendicular. Pequena quantidade de líquido livre em escavação pélvica. Ausência de coleções intra-abdominais ou pneumoperitôneo. Desta forma, a paciente foi encaminhada à clínica cirúrgica com a hipótese diagnóstica de apendicite aguda. Realizada apendicectomia laparoscópica com incisão arciforme umbilical. À inspeção da cavidade abdominal, haviam aderências do apêndice junto à tuba uterina direita, a qual encontrava-se espessada e acotovelada, bloqueio em FID, bloqueio da tuba uterina e ovário à direita e presença de pequena quantidade de líquido sero-hemático em cavidade. Após, realizada passagem de trocarte em FIE e em região supra-púbica, ambos sob visão direta. Realizada liberação do apêndice em FID e dissecção de sua base, onde foi constatado sinais de apendicite. Feita liberação de mesoapêndice e apendicectomia, seguido de envio de peça para análise. A paciente apresentou boa evolução no pós-operatório. No laudo histopatológico, constatou-se processo inflamatório em margem cirúrgica, apendicite aguda supurada, com presença de infiltrado moderado de polimorfonucleares, hiperplasia linfóide, exsudato fibrinoleucocitário na serosa e endometriose de apêndice cecal. A paciente não havia conhecimento prévio sobre o diagnóstico de endometriose.

DISCUSSÃO

A apendicite é a causa mais comum de abdome agudo cirúrgico, cursa com dor abdominal, anorexia, náuseas e vômitos. A dor pélvica constitui diagnóstico diferencial da apendicite por afecções de outros órgãos, como na endometriose intestinal, enfermidade com maior prevalência em mulheres em idade reprodutiva. O diagnóstico definitivo necessita de intervenção cirúrgica, preferencialmente por videolaparoscopia. Desta forma, diante de casos como o ilustrado, é de grande importância considerar a associação entre as enfermidades para diagnóstico diferencial em mulheres jovens.

Área

MISCELÂNEA

Instituições

UniCEUB e Hospital HOME - Distrito Federal - Brasil

Autores

Amanda Luíza Aguiar Taquary Alvarenga, Amanda Cunha Gomes de Freitas, Marcella Rezendo Monteiro do Prado, Lidia Batista Ribeiro Costa, Pedro Henrique Alves de Morais