Dados do Trabalho


TÍTULO

RECONSTRUÇAO NASAL APOS TRAUMA POR ARMA BRANCA: UM RELATO DE CASO

INTRODUÇÃO

A violência no Brasil é um grave problema social e, também, de saúde pública. Dentre as agressões, a arma de fogo e arma branca destacam-se como os instrumentos mais utilizados. MacKenzie 2000., aponta que lesões da cabeça e face podem representar 50% de todas as mortes por trauma. São casos de alta complexidade de tratamento e geram consequências funcionais e emocionais às vítimas. No Brasil, há maior incidência no sexo masculino e a faixa etária mais suscetível a ferimentos por arma branca (FAB) ocorre entre 15 e 35 anos. No entanto, o crescente número de mulheres vítimas de traumas faciais é evidente. A literatura aponta que a mandíbula é o osso mais acometido, seguido dos ossos do complexo zigomático. Vários fatores estão envolvidos nas lesões faciais, como: natureza, forma e tamanho do objeto, direção e intensidade do trauma e região acometida. O atendimento às vítimas de traumas faciais envolve as especialidades de trauma, oftalmologia, cirurgia plástica, maxilofacial e neurocirurgia.

RELATO DE CASO

Paciente do sexo feminino, 42 anos foi submetida à cirurgia de reconstrução de face por trauma extenso por FAB no Hospital Estadual e Pronto Socorro João Paulo II (Porto Velho-RO). Foram identificadas lesões no supercílio direito, pálpebra direita, nariz (columela, asa nasal esquerda e septo nasal) e musculatura da região malar, decorrentes de amputação quase total (AQT) por FAB de origem crânio-caudal. Foi realizada assepsia e antissepsia, lavagem exaustiva da região e anestesia geral. Após revisão da hemostasia, verificou-se que grande parte das artérias haviam sido lesionadas, com exceção da artéria da asa nasal esquerda (AANE). Retalho composto por septo nasal, musculatura e pele, vascularizado apenas pela AANE, foi reposicionado e foi realizada síntese por planos utilizando fios monocryl e nylon.

DISCUSSÃO

A reconstrução da pirâmide nasal após AQT compreende um desafio para cirurgia reconstrutiva facial. A vascularização do retalho é essencial para a redução do risco de infecções e de sequelas cicatriciais e a confecção de anastomose arterial é essencial em regiões amputadas quando estas representam grandes áreas (acima de 1 cm além do leito vascular). No entanto, o restabelecimento da vascularização é de difícil execução devido ao pequeno diâmetro e fragilidade dos vasos, bem como à frequente laceração dos vasos elegíveis no processo do trauma. As principais artérias elegíveis são as artérias nasais lateral e dorsal, artéria supratroclear, artéria angular e artéria labial superior. Diferentes técnicas têm sido descritas para revascularização: fístulas arteriovenosas, repetidas picadas de agulhas, injeções ou abrasão com heparina. Casos semelhantes ao reportado nesse trabalho foram descritos na literatura. Larsson et al. e Stillaert et al. publicaram relatos de reconstrução de lábio e nariz utilizando também uma única artéria, com resultados satisfatórios. No entanto, os autores fizeram uso de técnicas com uso de sanguessugas, diferindo do caso aqui relatado.

Área

CIRURGIA PLÁSTICA (Inclusive neoplasias malignas de pele)

Instituições

PUC GOIÁS - Goiás - Brasil

Autores

LUCIANA BENEVIDES DE ARAÚJO, ELSON TAVEIRA ADORNO FILHO, LAINE RIBEIRO ANTONELLI, ANDRESSA RIBEIRO DA COSTA, LAUANA VANESSA SANTOS MAURICIO