TÍTULO

HEPATECTOMIA DE VOLUME LIMITROFE COM ESCOLHA DE TECNICA ALPPS PARA RESSECÇAO DE HEPATOCARCINOMA PRIMARIO: RELATO DE CASO

INTRODUÇÃO

O carcinoma hepatocelular (CHC) é responsável por mais de 90% das neoplasias malignas primárias que ocorrem no fígado além de ser a quinta causa de câncer mundial e ter sua incidência crescente em vários países somado a alta mortalidade em pacientes com cirrose. Destes 90% dos casos de CHC estão associados com um fator de risco subjacente. O objetivo do seguinte relato é demonstrar um caso de CHC primário, sem focos metastáticos e doença hepática prévia ou concomitante, no qual a lesão central única de 14,3 centímetros foi ressecada utilizando a técnica de ALPPS após avaliar que a quantidade de fígado remanescente seria suficiente.

RELATO DE CASO

Paciente mulher de 51 anos, diabética, hipertensa e com dislipidemia. Apresentou perda ponderal, massa palpável dolorosa em hipocôndrio direito e icterícia em julho de 2018. Sorologias virais negativas para hepatite B e C. Realizou tomografia de abdome, que evidenciou massa única em segmento IVa, IVb, V, e VIII, que fazia contato com estruturas vasculares e compressão de via biliar. O diagnóstico de hepatocarcinoma foi através da biópsia do segmento IV, com ausência de cirrose na amostra. Em agosto de 2018 foi submetida a drenagem das vias biliares direita e esquerda por CPRE. Após a drenagem, internou para realização de quimioembolização, que não diminuiu a lesão. Foi indicada a ressecção cirúrgica para início de 2019. Embora exames pré-operatório de volumetria apresentassem valores de fígado residual suficiente para ressecção, durante o procedimento cirúrgico, o plano era realizar segmentectomia central do fígado (segmentos III, IVa, IVb, V e VIII), mas devido à topografia da lesão, não foi possível a individualização da veia supra-hepática e optou-se por se realizar a técnica de ALPPS, uma vez que os segmentos I e II seriam os únicos remanescentes e o volume residual seria de menos de 20% do volume total. A reabordagem do segundo tempo foi planejada para 14 dias após, tempo adequado para hipertrofia do lobo direito. Devido a piora clínica foi optado, juntamente com a paciente, em realizar o segundo momento da cirurgia em 7 dias. Então realizou hepatectomia parcial direita, restando os segmentos I e II. Paciente não apresentou complicações e teve boa evolução pós operatória.

DISCUSSÃO

O tratamento cirúrgico é a única forma potencialmente curativa para CHC primário, devido às altas taxas de morbimortalidade globais. Contudo é necessário levar em conta a função e o volume restantes após a ressecção do tecido afetado além de avaliar com atenção as estruturas adjacentes invadidas pela neoplasia. Devido a isso foi optado pela drenagem de via biliar prévia via CPRE, já que este procedimento somado a ausência de icterícia estão ligados a desfechos mais favoráveis e a probabilidade maior de boa evolução ainda que se tenha menor porcentagem de fígado remanescente. A escolha do ALPPS, foi feita visando hipertrofia do setor anterior direito e posterior hepatectomia, uma vez que, o volume remanescente seria mínimo, inviável em tempo único.