Dados do Trabalho
TÍTULO
RELATO DE CASO: EXPLOSÃO GÁSTRICA PÓS INTUBAÇÃO ESOFAGIANA
INTRODUÇÃO
A ruptura gástrica por trauma por pressão (barotrauma) é um evento raro, sendo pouco descrito na literatura. É descrito de 9 a 12% de lesão de mucosa gástrica após reanimação cardiopulmonar. Pode ser conduzida com medidas conservadoras, porém, é mais comumente tratada por laparotomia exploradora e sutura primária da lesão.
RELATO DE CASO
Paciente do sexo feminino, 79 anos, cardiopata por quadro de febre reumática na infância, valvopata, hipertensa e asmática, foi levada pelo SAMU para Unidade de Pronto Atendimento com quadro de insuficiência respiratória aguda por pneumonia comunitária, apresentando dispneia, saturação de 55% em ar ambiente, cianose e rebaixamento de consciência (Glasgow 3). Realizada tentativa intubação orotraqueal, seguida de vômitos, e posterior sucesso em segunda tentativa, sem ausculta de ruído em epigástrio ou pulmonar, segundo descrito em prontuário eletrônico. Paciente, então, evoluiu com rigidez tóraco-abdominal e distensão abdominal importante, apresentando melhora após administração de bloqueador neuromuscular e naloxone. Submetida a radiografia de tórax e abdome que evidenciou pneumoperitônio. Foi, então, transferida para hospital geral, e imediatamente submetida à laparotomia exploradora com achado intra-operatório de perfuração total de parede gástrica anterior, transversal, com cerca de 12 cm e grande quantidade de secreção gástrica com alimentos não digeridos em cavidade. A conduta adotada foi a rafia da camada mucosa e seromuscular, além de reforço na serosa gástrica.
Evoluiu com necessidade de suporte intensivo no pós-operatório, permanecendo por 12 dias em leito de Box de emergência e posteriormente transferida para leito de UTI. Ficou, então, internada por 2 meses por complicações clínicas, como distúrbios hidroeletrolíticos e insuficiência renal aguda e foi a óbito após quadro de pneumonia relacionada a ventilação mecânica.
DISCUSSÃO
A provável causa da lesão gástrica neste caso foi uma intubação oroesofágica, ocasionando ventilação com pressão positiva no esôfago. Os relatos de tratamento conservador baseiam-se em antibioticoterapia de largo espectro e drenagem gástrica via sonda com aspiração contínua. Contudo, optou-se pela conduta cirúrgica tendo em vista a gravidade da lesão da paciente. Apesar da intervenção bem-sucedida, as várias comorbidades da paciente a levaram a uma descompensação significativa e consequente óbito.
É importante salientar a necessidade da checagem após a intubação para reconhecimento imediato de uma possível iatrogenia. Outros casos relatados relacionados à iatrogenia são complicação da ressuscitação boca-boca, uso de vias aéreas do obturador esofágico, as resultantes de ar no estômago após a gastroscopia e uso de bolsa de reanimação manual em paciente com edema laríngeo pós-extubação.
Área
ESTÔMAGO E DUODENO
Instituições
Hospital Regional da Asa Norte - Distrito Federal - Brasil
Autores
André Luis de Aquino Carvalho, Lívia Zaiden Carvalho Martins de Sá, Carolina Martins Vissoci, Vitor Paiva Pires, Jessica dos Anjos Huang, Luis Feliphe Salles Cavalcante, Paula Campos de Mendonça, Talita Trindade França