Dados do Trabalho
TÍTULO
LESAO DE DIEULAFOY: UM RELATO DE CASO DESSA PATOLOGIA INCOMUM, MAS FATAL.
INTRODUÇÃO
A Lesão de Dieulafoy é uma rara causa de hemorragia digestiva, profusa, intermitente e potencialmente fatal. Caracteriza-se por uma arteríola de calibre persistente (dilatada) com características únicas criando uma protusão e defeito na camada mucosa do TGI a qual pode apresentar perda sanguínea maciça em babamento ou jato. Pode acometer pessoas de qualquer faixa etária, entretanto aparece, na maioria, em pacientes na média de 52 anos, preponderantemente do sexo masculino. Atualmente, a etiologia da má-formação permanece desconhecida. A lesão encontra-se no estômago na maioria dos casos (75-95%), particularmente a 6 cm da junção esofagogástrica na pequena curvatura embora também seja descrito outros locais, como duodeno, jejuno, íleo, reto e brônquio. O quadro se apresenta com queixas de hematêmese e melena, até sinais clínicos de hipotensão e choque hipovolêmico. Para o diagnóstico a endoscopia digestiva alta (EDA) assume-se como o padrão ouro e a colonoscopia para o caso de lesões no colón.
RELATO DE CASO
Paciente JPR, sexo M, 83 anos, foi admitido no Hospital Regional de Cáceres referindo hematêmese e melena há mais de um dia, evoluindo com astenia e tontura. Apresentava-se em estado regular, descorado, taquicárdico, eupneico, nomotenso, com dor leve a palpação abdominal em região epigástrica. Tabagista de longa data, hipertenso sem tratamento, nega histórico de úlcera e alcoolismo, em uso de ceftriaxona há 3 dias para tratamento de erisipela em membro inferior direito. Hemograma: hematócrito 21%, hemoglobina 7.0g. Feita reposição volêmica, ácido tranexâmico, omeprazol e solicitado hemotransfusão de concentrado de hemácias e plasma. Manteve-se estável hemodinamicamente, sendo submetido à EDA após 24 horas. Apesar do lago hematínico que dificultou a visualização gástrica, evidenciou-se em região de transição da grande curvatura e parede anterior lesão vascular de 7mm com sangramento em babação. Optou-se pela terapia dupla (esclerose e hemoclipe) com parada total do sangramento. O paciente evoluiu sem recorrência de sinais ou sintomas de ressangramento, e hemograma mantendo-se estável, com hemoglobina de 10g/dl no último dia de internação. A dieta foi reinserida 48h após a EDA. No 9º dia de internação, o paciente recebeu alta com orientações sobre sinais de alarme e retorno ambulatorial.
DISCUSSÃO
Embora uma causa rara de hemorragia(2%), a LD pode ter ação debilitante de curso rápido, com necessidade de rápida identificação e terapêutica. Em 6% dos casos a LD não é identificada, devido a sua sutilidade, natureza intermitente de sangramento, excesso de sangue no estômago ou lesões concomitantes como úlceras. O tabagismo, ainda que não seja demonstrado como fator de risco para LD, poderia ter prejudicado sua evolução e direcionado o raciocínio clínico para outra causa mais comum de hemorragia. No caso, a terapia combinada teve ótimo resultado, sem ressangramento, em consonância com sua superioridade e preferência atual na literatura.
Área
ESTÔMAGO E DUODENO
Instituições
UNEMAT - Mato Grosso - Brasil
Autores
JAQUELINE COVATTI VARGAS, AFONSO HENRIQUE PADILHA, JEFFERSON FERREIRA BARROS, ISRAEL DE SOUZA MARQUES, RENATA FORNACIARI LARA, FELIPE AZEVEDO E SILVA, RUBIA MARTINEZ SANTOS, NADIA CRISTINA BERTON