Dados do Trabalho


TÍTULO

PARAGANGLIOMA: UM RELATO DE CASO.

INTRODUÇÃO

Paragangliomas são tumores neuroendócrinos raros, secretores de catecolaminas ou não, advindos de células cromafins da cadeia simpática da extra-adrenal, na idade entre 30 a 50 anos. É descrito junto do feocromocitoma, por isso, sua real incidência é desconhecida. Estima-se que as duas doenças juntas tenham incidência de 0,8 casos em 100 mil pessoas/ano, sendo muitos casos diagnosticados post mortem. 40% apresentam a tríade clássica de hipertensão de difícil controle ou picos hipertensivos, associado a palpitações, cefaleia, diaforese. Relata-se também constipação crônica, tremores, dor epigástrica, náusea, ansiedade, crises de pânico. O diagnóstico dá-se por alteração urinária e/ou plasmática de metanefrinas ou catecolaminas associados a exame de imagem ou apenas como incidentalomas. Os tumores podem ser benignos ou malignos com tratamento dependendo se secretores (associando alfabloqueador pré-cirúrgico) ou não de catecolaminas. Este relato de caso tem como objetivo demonstrar um paraganglioma não secretor de catecolamina, com sintomatologia e encontrado como incidentaloma.

RELATO DE CASO

Paciente feminina, 29 anos, vem ao serviço de cirurgia oncológica encaminhada de ginecologista após achado de paraganglioma em RNM de abdome e pelve (realizada para controle pós-Miomectomia - cirurgia em Nov/2018)
Paciente relatou em primeira consulta com equipe de cirurgia oncológica apenas que tinha Dx prévio de HAS de difícil controle, sem investigação de causa secundária, e apresentava, também, constipação crônica - relatando ter hábito desde jovem.
Profissão - técnica de enfermagem; HMF: pai com HAS e IAM prévio; Cx prévias: colecistectomia, miomectomia (com transfusão sanguínea), lipoaspiração; Menarca aos 14 anos. Álcool social; negava alergia, uso de tabaco ou de substâncias psicoativas ilícitas.
Em uso de Losartana 50 mg, Hidroclorotiazida 25 mg, Microvlar. Ao exame: P: 84kg; h: 1,78; IMC 26,58; PA: 155/110; Exame cardiopulmonar e abdominal sem particularidades. Exames: RNM abdominal e pélvica (18/01/2019): lesão expansiva posicionada em retroperitônio caudal à bifurcação aórtica com epicentro levemente à direita da linha média, medindo 5,4 x 5,3 x 3,6 cm, cujas características sugerem neoplasia indeterminada, provavelmente primária do retroperitônio, destacando a possibilidade de paraganglioma entre os diagnósticos diferenciais, sem critérios para linfonodomegalia abdominal; Lab 08/02/19: Cr 0,70 TAP 11s; RNI 1,00; TTPA 24,8s; Catecolaminas Vol Ur 1700 mL – adrenalina inferior a 3 mcg/24h; noradrenalina 22,4 mcg/24h; dopamina 386,6; EQU hb++; hemácias 313,40; demais sem particularidades. Paciente foi encaminhada para cirurgia.

DISCUSSÃO

Em paciente jovem com diagnóstico de paraganglioma deve-se investigar tumor hereditário e descartar outros tumores neuroendócrinos (ex.: NEM1). Além disso, o acompanhamento de indivíduos geneticamente susceptíveis deve ser realizado. Devido à raridade de diagnóstico desse tumor, mais estudos são necessários para identificação precoce da doença.

Área

MISCELÂNEA

Instituições

Instituto do Câncer Hospital Mãe de Deus - Rio Grande do Sul - Brasil

Autores

Roberto Geiss Koch, Fernando Santos Figueiredo, Flavio Tiepo, Thais Lins Soares Leite