Dados do Trabalho
TÍTULO
TRAUMA VASCULAR EM REGIAO INGUINAL
INTRODUÇÃO
Os traumas de membros têm grande impacto nos centros de saúde de todo o mundo. Somente no ano de 2012, foram relatados 501.750 casos nos EUA. Cerca de um terço destes pacientes são hospitalizados com ferimentos graves ou tem risco amputação. Em uma análise de 3187 traumas de membros inferiores que exigiram reparos vasculares, obteve-se uma taxa amputação de 10%. Esse valor representa a gravidade que os traumas vasculares vêm assumindo nas emergências. O presente trabalho tem como objetivo relatar um caso de traumatismo vascular complexo em membro inferior.
RELATO DE CASO
E.M.D, 17 anos. Paciente, vítima de acidente motociclistico no interior do RS, sofreu trauma corto-contuso em região inguinal E. Foi atendido por equipe cirúrgica geral local, onde foi realizado hemostasia com ligadura dos vasos sangrantes e encaminhado paciente para o serviço de referência vascular da região. Ao ser atendido por tal serviço, com 24 horas de evolução do quadro, o exame físico era MIE frio, sem pulso, com fluxo monofásico de doppler, laboratoriais HB 8,4, plaquetas 89000. Paciente apresentava importante hematoma em região inguinal, assim foi indicado exploração cirúrgica de imediato, onde foi evidenciado lesão parcial da veia femoral, lesão total da artéria femoral superficial e lesão parcial do nervo. Foi realizado reparo da veia, ponte safena com veia autóloga invertida contralateral na artéria e fasciotomia em MIE em mesmo tempo cirúrgico. Paciente foi encaminhado para recuperação, onde foi feito controle de diurese, hidratação, e a solicitação de exames. A antibioticoterapia foi feita com cefazolina sódica e anticoagulação com enoxaparina. Na evolução, em 48 horas, foi realizado desbridamento devido a necrose parcial de compartimento anterior da perna. Após, paciente evoluiu bem, com diminuição do edema e granulação da ferida. Manteve pulsos distais preservados pós cirurgia. Com melhora clínica, recebeu alta hospitalar após 55 dias da internação.
DISCUSSÃO
Em todo mundo as lesões causadas pelo trânsito são a principal causa de morte entre 18 e 29 anos. O alto índice de mortalidade é relacionado a diversos fatores, que vão desde falhas emergenciais até causas clinicas. O volume de sangue perdido, associa-se diretamente ao risco de vida, principalmente quando a lesão se dá em artérias tronculares (artéria axilar e artéria femoral comum), reforçando a ideia de que a hemorragia deve ser manejada de forma ágil. Somado a isto, mais de 45 milhões de pessoas sofrem de incapacidade moderada a cada ano devido ao trauma. Estes pacientes apresentam comorbidades, que podem ser relacionados a ferida (infecção, necrose, osteomielite), tromboembolismo venoso, rabdomiólise, e complicações tardias como amputação e ossificação heterotópica nos membros residuais. Nesse contexto, faz-se necessário que o atendimento se realize em curto prazo, com corpo profissional apto a receber esses pacientes, bem como a estrutura para hospitalizações prolongadas e reavaliações recorrentes com adicionais operatórios.
Área
CIRURGIA VASCULAR
Instituições
Universidade Católica de Pelotas - Rio Grande do Sul - Brasil
Autores
Luiza Zaziki Millani, Francis Vogel, Alessandro Marques Santos, Rafael Pelissaro