Dados do Trabalho
TÍTULO
RELATO DE CASO COM ASSOCIAÇAO ENTRE ESOFAGO NEGRO E ABSCESSO HEPATICO
INTRODUÇÃO
A ESOFAGITE NECROSANTE AGUDA, CONSISTE EM ALTERAÇÃO DA PIGMENTAÇÃO DA PAREDE ESOFÁGICA DECORRENTE DA NECROSE DE SUA MUCOSA, PODENDO ESTAR ASSOCIADA A HEMORRAGIA DIGESTIVA, DOR PRECORDIAL, DOR ABDOMINAL. TRATA-SE DE UMA PATOLOGIA RARA DE ETIOLOGIA MULTIFATORIAL. ESTE RELATO DE CASO TEM COMO OBJETIVO DESCREVER A ASSOCIAÇÃO DE DUAS PATOLOGIAS DE BAIXA INCIDÊNCIA EM UMA MESMA PACIENTE.
RELATO DE CASO
PACIENTE M.B.P, SEXO FEMININO, 62 ANOS, DM 2 EM USO DE METFORMINA 500 MG (0-1-1). NEGOU TABAGISMO E ETILISMO.PROCUROU ATENDIMENTO DEVIDO A DOR PRECORDIAL QUE PERSISTIU POR QUATRO DIAS, EVOLUINDO COM DOR ABDOMINAL, MAIS INTENSA EM EPIGASTRIO, HEMATEMESE E MELENA, TURVAÇÃO VISUAL, PALIDEZ E CONFUSÃO MENTAL. ECG NORMAL, HEMOGRAMA INFECCIOSO E QUEDA DE HEMOGLOBINA.
AO EXAME FÍSICO: REG, CONFUSA, DESCORADA ++/4+, MUCOSAS SECAS, AAA, PA 130/70 MMHG, FC 93, SPO2 =92 COM CATO2 = 2L/MIN, AC: 2BRNFSS, AR: MVFD DIMINUIDOS EM BASES BILATERALMENTE, ABDOME SEMI GLOBOSO, DISTENDIDO, RHA+ DIMINUIDOS, TIMPÂNICO, COM GRANDE MASSA DOLOROSA EM REGIÃO EPIGASTRICA. DB NEGATIVO, EDEMA DE MEMBROS, TOQUE RETAL COM MELENA.
TOMOGRAFIA ABDOMINAL: DERRAME PLEURAL BILATERAL COM ÁREAS DE ATELECTASIA PASSIVA.
MÚLTIPLAS COLEÇÕES INTRA-HEPÁTICAS PREDOMINANDO NO LOBO DIREITO COM REALCE PERIFÉRICO AO MEIO DE CONTRASTE MEDINDO APROXIMADAMENTE 19 X 6 X 21 CM COM VOLUME APROXIMADO DE 1244 ML.
PRESENÇA DE LÍQUIDO LIVRE INTERALÇAS E NA PELVE.
ENDOSCOPIA DIGESTIVA:
ESOFAGO: BOA DISTENSIBILIDADE DO ÓRGÃO À INSUFLAÇÃO. A PARTIR DE 20CM DA ARCADA DENTÁRIA SUPERIOR, A MUCOSA DO ESÔFAGO É DE ASPECTO ESCURECIDO, SEM SANGRAMENTO ATIVO. TRANSIÇÃO ESOFAGOGÁSTRICA DE DIFICIL CARACTERIZAÇÃO,
ENCONTRANDO-SE A APROXIMADAMENTE A 30 CM DA ARCADA DENTÁRIA SUPERIOR E PINÇAMENTO DIAFRAGMÁTICO A 37 CM DA ARCADA DENTÁRIA SUPERIOR.
EVOLUIU COM DESCONFORTO RESPIRATÓRIO NECESSITANDO DE IOT. FOI REALIZADA DRENAGEM CIRURGICA DO ABSCESSO HEPATICO COM VOLUMOSA SECREÇÃO PURULENTA INTRA E EXTRACAVITÁRIA, EM TOPOGRAFIA HEPATICA E ENTRE ALÇAS. POSTERIORMENTE FOI NECESSÁRIA DRENAGEM DE TÓRAX DEVIDO A EMPIEMA.
DISCUSSÃO
A NECROSE AGUDA DE ESOFAGO, (ESOFAGITE NECROSANTE) FOI DESCRITA POR GOLDENBERG EM 1990. TRATA-SE DE UMA PATOLOGIA RARA, COM ETIOLOGIA MULTIFATORIAL AINDA POUCO ELUCIDADA, PODENDO ORIGINAR-SE ATRAVÉS DE ISQUEMIA, ACOMENTENDO PRINCIPALMENTE PORÇÃO DISTAL DO ESOFAGO. TAMBÉM APRESENTA COMO CAUSAS CETOACIDOSE DIABETICA, NEOPLASIAS, HEPATOPATIAS, INFECÇÕES VIRAIS E FÚNGICAS, TRAUMAS POR SONDAGEM.
COSTUMA ACOMETER A SEGUNDA PORÇÃO ESOFÁGICA SEM ATINGIR O ESTÔMAGO. SURGE COMO ÁREAS DE HIPERPIGMENTAÇÃO DE MUCOSA. E MANIFESTA-SE COM HEMORRAGIAS DIGESTIVAS, DOR ABDOMINAL, DOR PRECORDIAL, SEM SINAIS PATOGNOMONICOS.
APESAR DE SUA RARIDADE, TRATA-SE DE UMA PATOLOGIA COM COMPLICAÇÕES COMO ESTENOSE ESOFAGICA, E ELEVADA MORBIMORTALIDADE, PODENDO ASSOCIAR-SE A OUTRAS PATOLOGIAS SEVERAS DEVENDO SER ACOMPANHADA COM CUIDADOS INTENSIVOS E INVESTIMENTO EM PESQUISAS QUANTO A SUA ETIOLOGIA.
Área
ESÔFAGO
Instituições
HOSPITAL DAS CLINICAS - São Paulo - Brasil
Autores
JACIENE ROCHA NUNES, Heloisa Mandolini Silva , Georgia Terra Lustre De Flora, Luis Gustavo Figols Rachella, Mariana Said Moreira, Vitor de Oliveira Lima, Rafael Baldissera Cardoso, Adelino Toshiro Takikawa