Dados do Trabalho
TÍTULO
FORMAÇAO DE ABSCESSOS INTRA-ABDOMINAIS RECORRENTES EM PACIENTE COM PERITONITE FECAL E CHOQUE SEPTICO POR LESAO DE ILEO TERMINAL: RELATO DE CASO
INTRODUÇÃO
Lesões intestinais acidentais não reconhecidas intra-operatório levam à contaminação da cavidade abdominal, ocasionando peritonite fecal secundária, polimicrobiana, difusa, que pode gerar abscessos intraperitoneais complexos, reincidentes a despeito de diversas abordagens cirúrgicas e farmacológicas. O objetivo deste relato é identificar as variáveis clínicas que influem na recorrência dos abscessos Intra-abdominais (IA) no pós-operatório de uma paciente com peritonite fecal e choque séptico por lesão de íleo terminal em histerectomia.
RELATO DE CASO
Paciente LFCS, 62 anos, feminino, no 13º dia após a realização de histerectomia laparoscópica foi submetida a Laparotomia Exploradora (LE), encontrando abscessos em região subfrênica, pélvica e entre alças do intestino delgado e lesão em íleo terminal com saída de secreção entérica e realizada enterectomia terminal com colectomia direita e ileostomia terminal. Iniciado antibioticoterapia (ATB) com ciprofloxacino e metronidazol, logo substituídos por meropenem e polimixina; posteriormente, foram suspensos e iniciou-se vancomicina, imipenem e anidulafungina. No 13° dia de internação hospitalar (DIH), a Tomografia Computadorizada (TC) mostrou abscessos peritoneais, o maior na goteira parieto-cólica direita com extensão para a pelve. No 14º DIH submetida a nova LE, com lavagem de cavidade abdominal e colocação de dreno tubo-laminar em trajeto de goteira parieto-cólica à direita. No 21º DIH em nova LE identificou-se abscessos em fossa ilíaca esquerda e flanco direito. Associou-se amicacina à ATB e logo imipenem substituído por tigeciclina devido crises convulsivas. No 40º DIH retirou-se dreno abdominal com escape desprezível. No 43º DIH, TC de abdome total com contraste mostrou diversas coleções IA. No 51º DIH associou-se Polimixina B à ATB. Exames físicos e de imagem subsequentes indicavam resolução do quadro abdominal, porém a paciente apresentava sinais de infecção grave, e no 61º DIH descobriu-se infecção urinária por KPC, foi tratada e a alta hospitalar foi no 77º DIH.
DISCUSSÃO
A causa subjacente à peritonite secundária e a resposta fisiológica do paciente à infecção são fatores que influenciam no prognóstico dos pacientes. Considerando que a paciente do caso foi submetida a drenagem cirúrgica adequada e ATB tem baixa penetração nos abscessos, outros fatores como perfil de resistência bacteriana local, seleção ou dose inadequadas, disfunções orgânicas e imunossupressão associadas podem levar à falha terapêutica. Ademais, retardo na intervenção inicial, elevados scores de Acute Physiology and Chronic Health evaluation II, idade avançada, hipoalbuminemia, peritonite difusa, abscessos complexos e possível infecção fúngica associada também são preditores de falha no controle de infecção IA. Ressalta-se que cirurgiões devem atentar-se aos fatores de risco relacionados à formação recorrente dos abscessos IA, visto que geralmente há necessidade de intervenções cirúrgicas múltiplas e maior duração de ATB.
Área
INTESTINO DELGADO
Instituições
Centro Universitário do Planalto Central Apparecido dos Santos – UNICEPLAC - Distrito Federal - Brasil
Autores
SARA DE PAULA VASCONCELOS, WANESSA FERNANDES VELOSO, GABRIEL MONICI VIEIRA, VICTOR MANABU YANO