Dados do Trabalho
TÍTULO
LESAO DE MOREL-LAVALLEE E O TRATAMENTO DE FERIDAS COMPLEXAS: UM RELATO DE CASO
INTRODUÇÃO
A lesão de Morel-Lavallée (LML) decorre de traumatismo de partes moles devido aplicação súbita de forças de alta intensidade sobre determinada área corporal, separando a pele e tecido subcutâneo da fáscia muscular subjacente, um espaço virtual é criado e termina por ser preenchido por sangue, linfa e/ou tecido gorduroso necrosado, substrato para infecção. O presente estudo relata um caso de lesão de Morel-Lavallée com enfoque no uso de terapia por pressão negativa (TPN) no tratamento de feridas complexas.
RELATO DE CASO
Paciente LAR, feminino, 20 anos. Vítima de acidente automobilístico por capotamento, hemodinamicamente instável, com equimose em flanco direito e desvio de membro inferior ipsilateral, sem peritonite, FAST positivo. Laparotomia exploradora visualizou hematoma retroperitoneal em zona III, não expansível e não pulsátil, decidido não abordar. No intra-operatório, radiografias mostraram fratura do anel pélvico, sendo realizada fixação supra-acetabular. No pós-operatório, admitida em UTI, evoluiu com saída de secreção em sítio de inserção de fixadores em grande quantidade e com odor fétido, associada a febre, leucocitose com desvio à esquerda e linfopenia apesar de antibioticoterapia, constatando lesão de Morel-Lavallée infectada. No 12º dia de internação hospitalar (DIH), retirados os fixadores de pelve e feita incisão póstero-lateral em topografia de pelve direita para debridamento mecânico e irrigação da ferida, e realizada nova fixação externa supra-acetabular. Outras 11 abordagens para debridamento e lavagem da ferida entre o 12º e o 57º DIH retiraram a musculatura glútea, gerando ferida por toda região glútea até o terço proximal de coxa direita. Realizadas aproximadamente 10 sessões de TNP entre 58º e o 88º DIH, com boa evolução da ferida, mas ainda com biofilme e um tecido de granulação débil. No 61º DIH iniciou oxigenoterapia hiperbárica realizando 14 sessões. No 88º DIH substituiu-se o curativo sob pressão negativa comum por um que associa a pressão subatmosférica com a instilação de líquidos para fazer quebra de biofilme local, três sessões encerradas no 100º DIH. No 105º DIH foi realizado enxertia com material proveniente de coxa esquerda. No 118º DIH foi feito fechamento completo da ferida com boa recuperação.
DISCUSSÃO
O diagnóstico da LML é complexo e no momento da admissão pode passar desapercebido. O tratamento faz-se através de desbridamento dos tecidos acometidos. A TNP acelera o processo de reparação por aumentar a perfusão local, promover controle de edema e do exudato, reduzir as dimensões da ferida, depuração bacteriana e por estímulo à formação de tecido de granulação e redução da resposta inflamatória local. Dessa forma, permite que a ferida esteja preparada para cobertura definitiva por meios cirúrgicos, seja retalhos ou enxertos. É imprescindível que cirurgiões identifiquem e tratem este tipo de moléstia de forma objetiva, acelerando o processo de reparo de feridas, diminuindo a morbimortalidade e os custos de internação hospitalar.
Área
TRAUMA
Instituições
Centro Universitário do Planalto Central Apparecido dos Santos – UNICEPLAC - Distrito Federal - Brasil
Autores
WANESSA FERNANDES VELOSO, SARA DE PAULA VASCONCELOS, VICTOR MANABU YANO, CINARA DE PAULA GUIMARÃES