Dados do Trabalho


TÍTULO

CORREÇAO CIRURGICA DE ONFALOCELE GIGANTE EM RECEM-NASCIDA COM TECNICA DE SCHUSTER

INTRODUÇÃO

A onfalocele consiste em um defeito da linha média da parede abdominal onde o conteúdo abdominal exteriorizado está envolto por saco membranoso contíguo ao cordão umbilical, formado por uma membrana interna de peritônio e outra externa de âmnio, que pode conter intestino, estômago e/ou fígado.
Esse defeito é classificado como pequeno (sem o fígado), gigantes (incluem o fígado) e rotas (rompimento do saco membranoso). Outras propostas da literatura os classificam em pequenos (<5cm), grandes (>5cm) e gigantes (contendo todo fígado ou mais do que 75% em seu interior).
A técnica mais amplamente empregada para correção cirúrgica consiste no fechamento da parede abdominal utilizando-se um “silo” de silicone, descrito por Schuster em 1967, para redução da onfalocele com mínimo de aumento da pressão intra-abdominal.

RELATO DE CASO

Paciente recém nascida (RN) do sexo feminino, de mãe primigesta, 28 anos, com Idade Gestacional (IG) de 37 semanas pela USG, nascida via parto cesáreo eletivo por diagnóstico de onfalocele gigante. O diagnóstico veio através de USG Morfológica de 1o trimestre, realizada com IG de 13 semanas e 1 dia, com imagem ecogênica em parede abdominal inferior com fluxo ao Doppler, medindo 1,8 x 1,4 cm. Em nova USG de IG de 26 semanas e 2 dias foi identificada onfalocele com protusão hepática, caracterizando onfalocele gigante. RN nascida com Apgar 7, pesando 3035 g. Imediatamente após o parto, a mesma foi submetida à cirurgia para tentativa de redução completa da onfalocele, sem sucesso pelo grande volume. Optado por colocação de silo de bolsa de hemoderivados com sutura em borda aponeurótica e redução parcial do conteúdo da onfalocele por técnica de Schuster. Procedido com diminuição diária e progressiva do volume do silo. No 3o pós operatório, realizado segundo tempo de cirurgia com retirada do silo, seguida de redução completa da onfalocele. Paciente mantida em antibioticoterapia com Ampicilina, Gentamicina e Metronidazol nos 14 dias de internação hospitalar, evoluindo sem intercorrências, com alta hospitalar no 11o PO de redução completa com nutrição enteral.

DISCUSSÃO

A maior dificuldade no tratamento das onfaloceles gigantes decorre do comprometimento do retorno venoso secundário à torção das veias supra-hepáticas e da veia cava inferior, que pode ocorrer ao reposicionar o fígado na cavidade abdominal. Outros problemas são a diminuição do fluxo sangüíneo visceral, a oligúria e a insuficiência respiratória.
A técnica de Schuster é a mais empregada para as situações nas quais não é possível fechamento primário da parede abdominal. Porém possui algumas desvantagens: aumento do risco de peritonite pela abertura da cavidade abdominal, aproximação progressiva das bordas da parede abdominal e manutenção do silo para redução progressiva de seu conteúdo, que aliado à antibioticoterapia, manutenção da nutrição parenteral e tempo de intubação orotraqueal refletem no aumento da morbimortalidade. Neste caso, a técnica demonstrou-se efetiva, com benefício à paciente.

Área

CIRURGIA PEDIÁTRICA

Instituições

HOSPITAL DAS CLÍNICAS LUZIA DE PINHO MELO - SPDM - São Paulo - Brasil

Autores

KLEBER SAYEG, VICTOR LUIS DO VALE BRAZ, BEATRIZ JARDIM DE SIQUEIRA BRANCO, GILBERTO NUNES DE OLIVEIRA JUNIOR