TÍTULO

HERNIA DE AMYAND: RELATO DE CASO E REVISAO DA LITERATURA

INTRODUÇÃO

A hérnia inguinal bem como a apendicite são patologias frequentes na
rotina da cirurgia geral, entretanto a conjunção de ambas é uma entidade
rara. Em 1736, Claudius Amyand descreveu um caso de apendicite no
interior do saco herniário inguinal em um infante; desde então, tal
epônimo vem sendo empregado para caracterizar a presença do apêndice
vermiforme, inflamado ou não, no saco herniário inguinal. Tal
apresentação é incomum, com uma prevalência estimada em 0,7% - 1%
dos casos de hérnia inguinal, e a associação com apendicite ocorrendo em
0,07 - 0,13% dos casos.
Nos casos típicos, o paciente irá manifestar quadro de hérnia inguinal
irredutível, edema local e aumento de percepção dolorosa na área,
podendo até levar ao diagnóstico equivocado de hérnia encarcerada.
O diagnóstico pré-operatório é raro, ocorrendo, na maioria das vezes,
durante a intervenção cirúrgica.
Este trabalho objetiva-se a relatar um caso de Hérnia de Amyand, com
diagnóstico intra-operatório, e a sua condução pelo Serviço de Cirurgia
Geral do Hospital Central do Exército, e a partir deste, apresentar
discussão baseada em revisão literária sobre o tratamento desta
patologia.

RELATO DE CASO

Homem, 86 anos, apresentando há 03 meses, abaulamento em região inguinal associado a dor local com piora durante alimentação de caráter intermitente. Procurou o ambulatório de cirurgia geral do Hospital Central do Exército para investigação. Durante exame físico foi evidenciado hérnia inguinal direita.
Foi submetido a hernioplastia inguinal direita convencional. Procedeu-se com a inspeção do conteúdo do saco herniário, quando constatou-se apêndice cecal (Hérnia de Amyand) com espessamento em região distal do apêndice. Durante ato cirúrgico, optou-se por realização de apendicectomia pelo mesmo acesso cirúrgico, após exposição da base apendicular que se pronunciou pelo anel herniário. Realizou-se aposição de tela de polipropileno em parede posterior inguinal para reforço e confecção de novo anel inguinal externo.
Paciente apresentou pós-operatório sem complicações

DISCUSSÃO

Parece ser consenso o não uso de tela em vigência de apendicite .
Entretanto faltam relatos de complicações que justifiquem ou não a
apendicectomia em casos de apêndice sem inflamação, bem como a melhor
via cirúrgica para realização da apendicectomia nos casos de apendicite.
Por se tratar de um achado pouco freqüente, a decisão terapêutica da
abordagem da hérnia de Amyand carece de estudos com grau de evidencia
que justifiquem superioridade nas diferentes técnicas aplicadas. Mais
estudos prospectivos devem ser realizados para validar as classificações
propostas para que as mesas possam ser usadas como um guia seguro para
a escolha da abordagem mais apropriada.