Dados do Trabalho


TÍTULO

HISTOPLASMOSE TESTICULAR: RELATO DE CASO

INTRODUÇÃO

Histoplasmose é uma micose granulomatosa sistêmica, causada pelo Histoplasma capsulatum, um fungo dimórfico com predileção pelo pulmão e órgãos do sistema imunológico. É adquirida através da inalação de esporos dos conídeos, presentes geralmente em solo rico em excrementos de aves e morcegos. Inicialmente se inala pelas vias aéreas causando infecção, podendo se disseminar para todo o organismo. A infecção disseminada ocorre predominantemente em pacientes imunocomprometidos, devido ao fungo ter um hábito oportunístico. As manifestações clínicas são tipicamente pulmonares, já a forma disseminada da doença raramente envolve o trato geniturinário, sendo a histoplasmose testicular uma doença urológica extremamente rara.

RELATO DE CASO

Paciente masculino, 35, com diagnóstico de tumor de testículo direito. Relata dor há 5 meses, febre há 3 dias, bolsa testicular hipertrófica de consistência endurecida, presença de duas lesões ulcerosas em região escrotal direita e encontra-se em tratamento para tuberculose. Apresentou há 2 meses abcesso no escroto direito, que resultou em ulceração e perfuração, no qual foi realizado drenagem, mas não houve cicatrização, constando presença de secreção hialina contínua, dor à palpação em região inguinal direita, edema ++/++++ e eritema local.
Foi submetido a orquiectomia direita, realizado diante de tomografia de abdome e pelve com lesão expansiva de contornos lobulares e limites mal definidos, comprometendo o testículo D, medindo cerca de 5,8 cm no seu maior eixo transverso. Realizou-se nesta internação biópsia de testículo e solicitou o exame anatomopatológico, o qual constou processo inflamatório crônico granulomatoso, com extensas áreas de necrose em testículo, associado a estruturas fúngicas com caracteres de Histoplasma capsulatum.

DISCUSSÃO

Geralmente indivíduos infectados pelo Histoplasma capsulatum apresentam-se assintomáticos ou com sintomatologia leve (GARCIA et al., 2017). As manifestações clínicas mais frequentes estão relacionadas ao comprometimento pulmonar (AMATO et al., 2002). Na forma disseminada, os sintomas surgem após infecção ou fica em período de latência até queda de imunidade do hospedeiro. Quando há comprometimento do trato genitourinário comumente o paciente não apresenta sintomatologia, entretanto há estudos publicados sobre casos raros de histoplasmose sintomática no testículo e epidídimo, como observado no caso aqui relatado (GARCIA et al., 2017).
Embora a disseminação e o comprometimento genitourinário sejam raros, se tornam mais frequentes em indivíduos imunocompromentidos, como HIV positivo (LING et al.,2018) ou em casos de fatores de risco específicos, como imunossupressão, corticoterapia, diabetes, cirrose, neoplasia, alcoolismo e desnutrição (GARCIA et al., 2017). Por esse motivo a hipótese de histoplasmose testicular deve sempre ser aventada em casos complexos e de difícil diagnóstico, onde os critérios de diferenciação para tumor de testículo não estão bem alicerçados.

Área

UROLOGIA

Instituições

Universidade do Oeste Paulista - São Paulo - Brasil

Autores

Juliana Machado Avila, Fernanda Tavares Amaral Mello, Oscar Rubini Avila, Vitor Tavares Amaral Mello, Tatiana Veri de Arruda Mattos, Yuri Maluly Guglielmi