Dados do Trabalho


TÍTULO

PLASMOCITOMA HEPATICO SOLITARIO COMO ACHADO INCIDENTAL EM EXPLANTE HEPATICO: RELATO DE CASO

INTRODUÇÃO

A neoplasia de células plasmáticas pode surgir como uma lesão isolada, o plasmocitoma solitário (PS), ou como múltiplas lesões, caracterizando o mieloma múltiplo. O PS pode ainda ser ósseo ou extramedular, sendo que o plasmocitoma de localização hepática é raro, mais comumente encontrado em autópsias e está associado a uma forma mais agressiva da doença.

RELATO DE CASO

Paciente do sexo masculino, 52 anos, com diagnóstico de cirrose hepática secundária a hemocromatose há 2 anos, após longo período com a doença bem controlada, apresentou descompensação aguda sem causa bem definida, e foi submetido a transplante hepático cadavérico. No momento do procedimento, apresentava escore do Model for End-Stage Liver Disease (MELD) de 32 e escore Child-Pugh de 15. Optou-se pela técnica de Piggyback, com isquemia hepática de 7 horas e 2 minutos, sendo transfundidos 605 mL por meio de sistema de autotransfusão intra-operatório (Cell Saver) e 3 unidades de concentrado de hemácias durante a cirurgia. O paciente foi admitido na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) em intubação orotraqueal e uso de noradrenalina 0,3 mcg/kg/min. Evoluiu no pós-operatório com insuficiência renal dialítica, com eventual recuperação da função renal no 15º dia pós-operatório (PO). A dieta por via oral foi iniciada no 4º PO e o paciente recebeu alta da UTI no 7º PO. Apresentou reativação de citomegalovírus, devidamente tratada com ganciclovir, e rejeição aguda moderada, com boa resposta à pulsoterapia com metilprednisolona. Recebeu alta hospitalar no 23º PO. O exame anatomopatológico do explante hepático mostrou nódulo de 2,7 cm no segmento VIII, compatível com carcinoma hepatocelular e outro compatível com colangiocarcinoma intra-hepático medindo 1,7 cm no segmento IVb. Também se observou área esbranquiçada de contornos irregulares no segmento V, medindo cerca de 2,5 cm, evidenciando extensa infiltração de tecido hepático por numerosos plasmócitos, com fibrose associada. O perfil imuno-histoquímico dessa lesão, associado ao quadro histopatológico confirmou plasmocitoma com restrição de cadeia leve lambda, infiltrando tecido hepático. O seguimento ambulatorial realizou-se com avaliação hematológica, com mielograma e biópsia de medula óssea sem evidências de mieloma múltiplo. Um ano após o transplante, o paciente apresenta hérnia incisional em região de epigástrio e hipocôndrio direito, mas está clinicamente bem e com boa função do enxerto.

DISCUSSÃO

O plasmocitoma hepático solitário é uma lesão rara e pode ter um prognóstico bastante reservado, ressaltando a importância do seguimento e investigação hematológica minuciosos quando descoberto de forma incidental como no caso descrito. A sua presença, bem como a das demais neoplasias coexistentes, é a causa mais provável da descompensação clínica do paciente previamente ao transplante, porém não foram detectadas em Ressonância Magnética realizada no pré-operatório, demonstrando as limitações da avaliação de um fígado cirrótico macronodular por exames de imagem.

Área

FÍGADO

Instituições

Universidade Católica de Brasília - Distrito Federal - Brasil

Autores

Poliana Ferreira Vieira, Gustavo de Sousa Arantes Ferreira, Fernando Marcus Felippe Jorge, André Luiz Conde Watanabe, Bárbara Elís de Araújo, Paola Cristine Ferigolo, Suzy Moura Trindade Viana, Pedro Henrique Nunes de Araujo