Dados do Trabalho
TÍTULO
ÚLCERA PERFURADA POR USO PROLONGADO DE ANTI-INFLAMATÓRIO NÃO ESTEROIDAL: RELATO DE CASO
INTRODUÇÃO
A úlcera péptica é um defeito que acomete a mucosa do trato digestório superior, devido à deficiência da citoproteção da mucosa em virtude da redução da produção de prostaglandinas. AINES atuam através da inibição das cicloxigenases, responsável pela síntese de prostaglandinas e tramboxanos. Este defeito pode estender-se através das camadas mais profundas da parede intestinal, levando a sérias complicações. Relatamos o caso de úlcera péptica complicada após uso prolongado de AINES.
RELATO DE CASO
M.L.P, masculino, 58 anos, branco, hipertenso e diabético, relata queda de própria altura há 25 dias. Desde então evoluiu com dor em andar superior do abdome e no braço direito. Afirma que após a queda iniciou, por conta própria, uso de AINE. Queixa-se de piora da dor no andar superior do abdome nos últimos três dias.
Ao exame clinico, apresentava bom estado geral, localizado e orientado em tempo e espaço, anictérico, afebril e acianótico, eupineico, hipocorado 1+/4+, em posição antálgica e hidratado. Exame físico do abdome revelou ausência de ruídos hidroaéreos, abdome semigloboso, tenso, pouco depressível, em tabua, doloroso difusamente e com sinal de Jobert positivo. Descompressão brusca dolorosa com avaliação prejudicada, mas com dor importante à percussão. Radiografia de tórax apresentava evidência de pneumoperitônio.
Foi realizada laparotomia exploradora, que evidenciou perfuração na parede anterior do estômago, a qual teve suas bordas desbridadas e suturadas em dois planos. Foi identificado durante o trans-operatório que o paciente apresentava alterações hepáticas sugestivas de cirrose.
Pós-operatório sem intercorrências, sendo prescrito inibidor da bomba de prótons, suporte e dieta zero nos dois primeiros dias. Paciente apresentou boa evolução clínica, sem infecção de sítio cirúrgico, recebendo alta no 5° dia do pós-operatório.
DISCUSSÃO
A doença ulcerosa péptica (DUP) apresenta relevância no cenário brasileiro, visto que foi de 5.714 o número total estimado de óbitos por úlcera péptica no Brasil em 2008.
É definida como uma deterioração da mucosa secundária à secreção de pepsina e à secreção ácida gástrica. O desenvolvimento da patologia ulcerosa relaciona-se com modificações na secreção acida, em processos de citoproteção e presença de lesão inflamatória crônica.
Os dois principais fatores de risco relacionados à doença ulcerosa péptica são infecção por Helicobacter pilory AINES, especialmente quando em uso prolongado.
O tratamento cirúrgico da DUP não complicada tornou-se ultrapassado, sendo preconizado pelas diretrizes atuais o uso de antibióticos e supressores de acidez gástrica.
As complicações mais frequentes da úlcera péptica são a hemorragia gastrointestinal alta (15%) e a perfuração (7%), principalmente na parede anterior do estômago e no duodeno. O procedimento cirúrgico em caráter de urgência está indicado nas complicações da doença, afim de evitar agravamento do quadro devido ao extravasamento de conteúdo gástrico para a cavidade peritoneal.
Área
ESTÔMAGO E DUODENO
Instituições
UNIVERSIDADE FEDERAL DE RORAIMA - Roraima - Brasil
Autores
Mateus de Oliveira Lopes, Givaggo Henrique Rodrigues da Silva, Marcello Santos da Silva, Antonio Adenilson Santos Delmiro