Dados do Trabalho
TÍTULO
TRATAMENTO CLINICO DE INFECÇAO DE TELA EM HERNIOPLASTIA UMBILICAL
INTRODUÇÃO
Hérnia é definida como uma protusão anormal de um órgão ou tecido através de defeito na parede abdominal adjacente (RICCIARDI et al, 2012). A etiologia é multifatorial, as repercussões são variadas. O tratamento adequado deverá ser particularizado. O objetivo é devolver o conteúdo herniado à cavidade abdominal, corrigir o defeito e recuperar a função da parede, com o mínimo de complicações e de sequelas (MELO, 2013). O uso de telas cirúrgicas vem se desenvolvendo desde 1963, quando foi aplicada uma tela de polipropileno monofilamentar para o tratamento da herniação. As duas telas mais comumente utilizadas são a de polipropileno e a de politetrafluoretileno e a recorrência varia de 0% a 10% em períodos de, no mínimo, 12 meses (RICCIARDI et al, 2012). A prótese, como um material sintético estranho ao organismo, tem a capacidade de agravar, potencializar ou prolongar a infecção. Admite-se que as telas monofilamentares, como a de polipropileno, tolerariam melhor a infecção do que as multifilamentares, como a de poliéster (MINOSSI; SILVA; SPADELLA, 2008).
RELATO DE CASO
Paciente E.A.O, do sexo masculino, 48 anos, no 30° dia pós-operatório de hernioplastia umbilical com colocação de tela, retornou à consulta ambulatorial com ferida operatória hiperemiada, dolorosa, quente e edemaciada, indicando infecção, com relato de ter iniciado esse quadro há seis dias. Encaminhado ao Hospital Regional de Araguaína, Tocantins, foi internado, iniciado suporte clínico e antibioticoterapia. Ao exame físico: Bom estado geral, lúcido e orientado, anictérico, acianótico, afebril, hidratado, eupnéico, normocárdico, normotenso. Abdome globoso, ruídos hidroaéreos presentes, flácido, indolor, sem visceromegalias e ferida operatória hiperemiada com presença de coleção interna endurecida. Foram solicitados exames laboratorias que não mostraram alterações. A ultrassonografia de parede abdominal evidenciou espessamento difuso da pele e tecido celular subcutâneo da região umbilical e paramediana esquerda e área hipoecóica heterogênea fluida na parede abdominal da região periumbilical esquerda. Foi tratada clinicamente a infecção com os antibióticos cefotaxima 1g EV de 8/8h e clindamicina 600 mg EV de 6/6h por 14 dias, apresentou boa evolução clínica e recebeu alta hospitalar.
DISCUSSÃO
A utilização de telas reduz consideravelmente os índices de recidivas das hérnias. Porém há indicações restritas, uma vez que existem diferentes complicações possíveis, sendo a infecção uma delas. As próteses de polipropileno são menos associadas a infecção e são mais utilizadas. Nesse caso o paciente apresentou infecção mesmo com o uso de tela de polipropileno, mostrando o conflito entre a vantagem de evitar recidivas e desvantagem das complicações. É válida a realização de mais estudos comparativos quanto à incidência de infecção em pacientes nos quais a tela não foi aplicada e naqueles que foram submetidos à operação com tela, a fim de que as próteses sejam utilizadas com mais segurança.
Área
PAREDE ABDOMINAL
Instituições
Instituto Presidente Antônio Carlos - Tocantins - Brasil
Autores
Andressa Santos Osório, Jhonata Maciel de Sousa, Rolando Gutierrez Rosales