Dados do Trabalho


TÍTULO

ECTOPIA RENAL CRUZADA SEM FUSAO: RELATO DE CASO

INTRODUÇÃO

A ectopia renal cruzada (ERC) foi descrita por Pannorlus, em 1654. A ERC com fusão possui incidência de 1 para cada 7.500 autópsias, e representa 90% dos casos, já a forma sem fusão é observada em 1 para cada 75.000 autópsias (1). A ERC é mais frequente em homens (H/M 1,4/1,0) e 2 a 3 vezes mais comum no lado direito (2). A maioria dos casos são assintomáticos e os casos diagnosticados incidentalmente (1). Neste relato é descrito um caso com achado em exame de imagem de rim esquerdo ectópico à direita.

RELATO DE CASO

Paciente masculino, 58 anos, veio ao pronto-atendimento por queixa de dor tipo cólica à direita de forte intensidade, início súbito e sem irradiação. Não havia relato de febre ou disúria associados, assim como, histórico de nefrolitíase. Ao exame, encontrava-se em bom estado geral e sem sinal de Giordano presente. Considerando-se o quadro clínico, incluindo a possibilidade de ureterolitíase, optou-se pela realização de exame de imagem.
Em tomografia, observou-se a disposição de ambos os rins à direita, um em hipocôndrio e outro em flanco, sem fusão entre os órgãos. Não havia dilatação pielocalicial, nem litíase. O rim em hipocôndrio possuía ureter desembocando em óstio vesical direito, já o rim em flanco apresentava implante ureteral em óstio vesical esquerdo. O rim ectópico possuía pelve e ureter em posição posterior e artéria renal emergindo próximo à bifurcação da aorta com as artérias ilíacas.

DISCUSSÃO

O rim ectópico é uma anomalia incomum originada por falta de migração do rim até sua posição definitiva e da ausência de rotação látero-medial durante a fase embrionária. Os mecanismos etiológicos não são conhecidos. O rim ectópico tem formato discoide, na maioria, com pelve e ureter anteriorizados. Em relação ao normal o ureter tem menor comprimento e a artéria renal surge inferiormente à aorta em relação ao usual (3).
A ectopia renal unilateral é mais comum, sendo mais frequente no rim esquerdo. Pode-se dividir em simples, quando os rins se encontram no lado normal, ou cruzada, quando migra para o lado oposto e o ureter cruza a linha média antes de se implantar na bexiga. A ERC pode ser com ou sem fusão, ou bilateral.
Clinicamente, pode ser detectada durante o manejo de infecção do trato urinário (ITU) ou de dor abdominal. Em 20 a 30% dos casos são diagnósticos incidentais. Nos demais, sintomas como disúria, ITU, dor abdominal e hematúria são relatados (6). Os rins ectópicos estão sujeitos a trauma e podem se apresentar como massa abdominal ou pélvica palpável. Alteração da drenagem urinária aumenta a incidência de cálculos renais. Hidronefrose, refluxo vésico-ureteral, tumores e nefrolitíase são condições urológicas associadas à ERC (7).
Exames de imagem são utilizados no diagnóstico da ERC. A ultrassonografia abdominal é o método preferível (8). A ERC pode estar associada a outras patologias como mielomeningocele ou anomalias genitais (9). O tratamento e manejo é individualizado e feito a partir das condições clínicas e anatômicas do paciente (3).

Área

UROLOGIA

Instituições

Hospital Santa Casa de Misericórdia de Curitiba - HSCMC - Paraná - Brasil

Autores

Tácito Diego Bresolin, Bruno Romero Guimarães Pereira, Douglas Jun Kamei, Ricardo Ehlert, João Carlos Schneider Michelotto, Christiano Machado