Dados do Trabalho
TÍTULO
HIDATIDOSE POLICISTICA COMPLICADA COM ABSCESSO HEPATICO E FISTULA HEPATO-PLEURAL
INTRODUÇÃO
A hidatidose é uma doença causada por cestoides do gênero Echinococcus, tem 4 espécies distintas e possui três formas de doença: a cística causado pelo E. granulosus, a alveolar pelo E. multilocularis e a policística, cujo agentes são o E. oligarthrus e o E. vogeli. Estes últimos, são restritos às Américas Central e do Sul, principalmente na região amazônica
RELATO DE CASO
Paciente ♂, 53 anos, agricultor, portador de cirrose hepática, CHILD B por VHB e hidatidose policística, em uso de entercavir e albendazol. No mês antes da internação apresentava dor em HD, irradiando para as costas, hiporexia e febre. Na admissão apresenta ao US: cisto hidático abscedado em todo lobo direito. Iniciado o tratamento com Imipenem e drenagem percutânea do abscesso, com saída de 750 ml de pús. No esfregaço não foram identificados ganchos ou protoescólex de Echinococcus. No pós-operatório apresentou dor torácica, tosse seca e hipóxia. A tomografia evidenciou um volumoso empiema pleural à direita, que foi drenado em selo d’agua, com alto débito por 15 dias. No controle, foi evidenciado encarceramento parcial do lobo superior e optou-se por drenagem aberta e irrigação da loja com SF 0,9% e fisioterapia respiratória. Novo controle por CT não houve melhora da loja do encarceramento pulmonar e com aparecimento de abscesso em porção posterior da base em HTD. Optou-se por realizar pleurostomias em ambas cavidades, sob anestesia local e sedação. No procedimento evidenciou-se a existência de uma fístula hepato-torácica com a cavidade residual do empiema, caracterizando disseminação por contiguidade. Na evolução apresentou anemia severa, por provável perda por gastropatia hipertensiva (EDA - varizes de esôfago de fino calibre) sendo reposto com concentrado de hemácias. Cursou com desnutrição, ascite e edema de MMII. Sendo tratado com furosemida, espironolactona, paracenteses de alivio e suporte nutricional por sonda. Devido à melhora progressiva do paciente, recebeu alta uma semana após a pleurostomia com substituição dos antimicrobianos por Cipro® e Flagyl® e sintomáticos
DISCUSSÃO
As complicações evolutivas da hidatidose hepática incluem o abscesso e o trânsito hepato-torácico nos casos em que a lesão é contígua ao diafragma; a frequência na literatura é entre 2% e 11%. A toracotomia ou toracofrenolaparotomia podem ser indicadas em coexistência de hidatidose hepática e pulmonar, porém não é consenso na literatura. No caso demonstrado, o tratamento cirúrgico era impeditivo devido à baixa reserva hepática. Estes aspectos da doença são de importância, pela associação com a cirrose hepática, que acrescenta complexidade ao manejo clínico, pelo comprometimento imune, hipoalbuminemia e tendência a formação de ascite. Pacientes cirróticos fazem infecções bacterianas com maior frequência e gravidade do que a população geral. Assim, diagnóstico e tratamentos precoces, podem prevenir evoluções graves e possivelmente fatais que possam vir a se desenvolver, caso o diagnóstico e o tratamento não sejam adequados
Área
FÍGADO
Instituições
UNIVERSIDADE FEDERAL DO ACRE - Acre - Brasil
Autores
Viktor Dias Magalhães, Maria Caroline Silva Wiciuk, Laura Helena Saldivar, Mabia Jesus Lima, Marco Antonio Carvalho Guedes, Thor Oliveira Dantas, Everton Gentil Beltrame, Nilton Ghiotti Siqueira