TÍTULO

TIMOLIPOMA MANIFESTANDO DOR EM HEMITORAX: UM RELATO DE CASO

INTRODUÇÃO

Os timolipomas (TLs) são tumores benignos raros do mediastino anterior, de crescimento lento, representando apenas 2–9% de todos os tumores do timo. Os TLs apresentam tecido adiposo intercalados com pequenas áreas de tecido tímico, e são encapsulados com divisões septais. Apresentam curso indolente e assintomático, porém, muitas vezes, atingem dimensões massivas que se manifestam clinicamente por comprimirem estruturas adjacentes ou por apresentarem associações com doenças autoimunes, como Miastenia Gravis, anemia aplásica e Doença de Gravis. Por serem neoplasias benignas, a excisão cirúrgica completa se torna curativa.

RELATO DE CASO

Paciente do sexo feminino, de 62 anos, iniciou quadro de dor torácica súbita há um ano, limitada ao hemitórax esquerdo, de forte intensidade, não irradiada, com piora aos esforços e melhora parcial com uso de Paracetamol. A dor era associada a dispneia progressiva. A paciente é tabagista há 50 anos (1 maço/ano) e etilista. Negou perda de peso. Inicialmente foi avaliada pelo cardiologista, pelo qual não evidenciou alterações cardíacas. Persistindo os sintomas, realizou consulta com pneumologista que notou apenas diminuição de murmúrio vesicular em base bilateral na ausculta pulmonar.
Foi solicitado tomografia computadorizada (TC) de tórax que revelou massa homogênea em mediastino anterior medindo 3,3 X 3,7 X 11 cm, sem realce ao meio de contraste ou invasão de estruturas adjacentes, de aspecto inespecífico (sugerindo tumor de células germinativas ou timoma), sendo então encaminhada ao cirurgião torácico que indicou tratamento cirúrgico. A paciente foi submetida a toracotomia lateral direita com excisão completa da lesão. O tumor foi enviado ao estudo histopatológico, confirmando timolipoma.

DISCUSSÃO

O termo timolipoma (TL) foi introduzido na literatura em 1949 por Hall, classificado como um tumor raro, benigno, sem diferença de gênero em sua incidência e sem prevalência de faixa etária. Apresenta crescimento lento, representando de 2-9% das neoplasias tímicas.
O cenário clínico é bastante heterogêneo, indo desde quadro assintomático a quadros mais graves por compressão de estruturas vitais adjacentes. Sendo assim, dispneia, dor torácica, infecções de via aérea superior de repetição e sensação de peso no peito são os sintomas mais frequentes relacionados ao TL.
No estudo radiológico, os TLs quando pequenos, não apresentam sinais específicos para suspeição clínica, apenas em tamanhos maiores que podem apresentar hipotransparência em mediastino. Assim, a TC de tórax é o exame mais usado pois permite a diferenciação de possíveis massas malignas em mediastino anterior, além de avaliar possíveis invasões do tumor, sendo crucial para a ressecção completa do mesmo.
O acesso para a excérese total da lesão pode ser feito através da toracotomia ou esternotomia e quando disponível, por videotoracoscopia. O resultado após a remoção é excelente e nenhum caso de transformação maligna ou recidiva local do TL foi relatado.