Dados do Trabalho
TÍTULO
ULCERA GASTRICA GIGANTE PERFURADA: A IMPORTANCIA DO DIAGNOSTICO PRECOCE
INTRODUÇÃO
As úlceras gastroduodenais ocorrem devido ao desequilíbrio entre os fatores protetores e os danosos à mucosa. Causas mais comuns são o Helicobacter pylori e o uso de AINES (EISNER, 2017). Quando a lesão apresenta um diâmetro ≥ 3 cm, considera-se úlcera gástrica gigante (BARRAGRY, 1985). Devido à localização e magnitude, a incidência é rara e a perfuração é de apenas 1,5%, podendo cursar com graves consequências como abdome agudo, hemorragia, além da chance de malignidade à histologia de 37% (LORD, 2018). Devido a sua importância clínica, e por serem poucos os registros, destaca-se a relevância no relato desse caso.
RELATO DE CASO
EFS, 64 anos, masculino, admitido no pronto socorro do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Triângulo Mineiro, com dor abdominal difusa há 2 dias, de início súbito e intensa, associada a parada de eliminação de flatos e fezes. Antecedentes: gastrite, hipertensão arterial sistêmica, tabagista pesado, etilista, usuário de AINE esporadicamente. Ao exame se encontrava desidratado, com abdome distendido, dor à palpação difusa, com irritação peritoneal. Realizado radiografia de tórax que demonstrou pneumoperitônio. Conduzido imediatamente para cirurgia onde identificou-se ulceração de 4x2 cm do corpo gástrico até a curvatura menor do estômago. Realizado desbridamento das bordas e sutura primária. Devido o grande tamanho e a localização da úlcera foi aventada a hipótese de tumor gástrico ulcerado, entretanto o estudo anatomopatológico descartou neoplasia. O paciente evoluiu bem e recebeu alta no terceiro dia de pós-operatório.
DISCUSSÃO
Com o advento dos inibidores de bomba de prótons, os anti-histamínicos e a antibioticoterapia para a H. Pylori, a incidência de úlceras gástricas e duodenais diminuiu consideravelmente. Porém, quando presente e perfurada, pode apresentar desfecho desfavorável na maioria dos casos. A relação entre uso de AINES, tabagismo e o etilismo, bem como a presença de H. pylori com o surgimento de úlceras gastroduodenais é conhecida da literatura e se faz presente neste relato.(CASALI, 2012) A úlcera gástrica gigante, por sua vez, é conhecida como úlcera gástrica de mais de 3cm de diâmetro e tem uma incidência estimada entre 12-24% de todas as úlceras gástricas, e de perfuração em torno de 1,5% (VASHISTHA, 2016). A abordagem clínica tem altos índices de cura, na ausência de perfuração, com o uso de IBP. Em caso de perfuração, o procedimento usual é a ulcerorrafia primária, com quase 90% das abordagens cirúrgicas nestes casos.(FILHO, A.D. 2012) Em razão da alta morbi-mortalidade, a perfuração de uma úlcera gástrica gigante deve receber cuidado intensivo e de rápido início para reduzir desfechos negativos. (KOCER, 2006) Deste modo, ressalta-se a relevância do rápido diagnóstico, do tratamento cirúrgico efetivo com técnicas cirúrgicas adequadas e da abordagem clínica multidisciplinar como fatores preditivos de melhores prognósticos nestes pacientes.
Área
ESTÔMAGO E DUODENO
Instituições
Universidade Federal do Triângulo Mineiro - Minas Gerais - Brasil
Autores
Osmar Lúcio Sobrinho Júnior, Carlos Alfredo Salci Queiroz, Kilvia Freitas Sousa Borges, Cecília Salazar Ulácia, Jakeline Silva Santos, Tainã Batista Oliveira, Beatriz Silva Inácio, Andrei Biliato Colmanetti