Dados do Trabalho
TÍTULO
ASSOCIAÇAO ENTRE PERFURAÇAO DO TRATO GASTROINTESTINAL E ABSCESSO HEPATICO CAUSADOS POR INGESTA DE ESPINHA DE PEIXE – UM DESFECHO RARO
INTRODUÇÃO
Ingesta de corpos estranhos provocando perfurações do trato gastrointestinal (TGI) são extremamente raras e constituem menos de 1% dos casos. O corpo estranho mais comumente ingerido por acidente é a espinha de peixe. Sintomas inespecíficos dificultam a suspeita diagnóstica, tornando o diagnóstico tardio, piorando o prognóstico do paciente e elevando a mortalidade. Apresentamos o relato de dois casos com associação incomum entre perfuração do TGI e formação de abscesso hepático, secundários à ingesta de espinha de peixe.
RELATO DE CASO
Caso 1: TMSR, feminino, 56 anos, relato de dor abdominal em hipocôndrio direito, há 7 dias, com piora há 24 horas, associada a febre e hiporexia. Ingeriu peixe há 15 dias. Apresenta constipação intestinal há 6 dias. À TC de abdome contrastada: opacidade linear de 3,5cm (interrogada espinha de peixe) transfixando o piloro e se alojando entre este e o segmento IV do fígado. Abcesso de 5,7cm no segmento IV do fígado com gás no seu interior. Iniciado Ciprofloxacino e Metronidazol e procedida drenagem do abscesso intrahepático via laparotomia supraumbilical, em segmento IVb com saída de líquido purulento e material necrótico, retirado corpo estranho compatível com espinha de peixe de cerca de 3cm, sem visualização de perfuração gástrica. Deixado dreno tubular 32 Fr.
Caso 2: JPCA, masculino, 31 anos, apresentou dor em hipocôndrio direito associada a náuseas, eructações, plenitude pós-prandial e perda ponderal (3kg) há 3 semanas com piora há 2 dias (coincide com ingesta de peixe com espinhos). À TC de abdome contrastada: volumosa lesão expansiva no lobo hepático esquerdo, ocupando segmentos IV (A e B), II e III. Há foco de calcificação linear em sua periferia, junto à sua cápsula, em direção ao antro gástrico (provável corpo estranho), com densificação de planos adiposos adjacentes. Realizada antibioticoterapia com Ampicilina com Sulbactam, escalonado para Piperacilina com Tazobactam e Metronidazol. Procedida laparotomia exploradora com drenagem de abscesso e saída imediata de secreção purulenta espessa em grande quantidade. Posicionado drenos tubulares 28Fr.
DISCUSSÃO
Ao se considerar a hipótese diagnóstica de abdome agudo perfurativo, as lesões decorrentes de perfurações por corpos estranhos devem ser sempre consideradas, e é necessário atentar à possibilidade de abscesso hepático secundário.
Área
FÍGADO
Instituições
UniCEUB - Distrito Federal - Brasil
Autores
Mariana França Bandeira de Melo, Ângelo Santana Guerra, Marcel Takeshi Shono, Eduardo Lenza Silva, Rodrigo Silveira Rocha