Dados do Trabalho
TÍTULO
LESAO DE URETRA E A SINDROME E FOURNIER
INTRODUÇÃO
A gangrena de Fournier é uma fasciíte necrosante sinérgica do períneo e parede abdominal. Caracterizada por endarterite obliterante, seguida de isquemia e trombose dos vasos subcutâneos, resultando em necrose da pele e do tecido celular subcutâneo e adjacente. À medida que ocorre disseminação de bactérias, a concentração de oxigênio nos tecidos é reduzida; com a hipóxia e a isquemia tecidual, o metabolismo fica prejudicado, provocando maior disseminação de microrganismos facultativos, que se beneficiam das fontes energéticas das células, formando gases, responsáveis pela crepitação, demonstrada nas primeiras 48 a 72 horas de infecção. Essa síndrome tende a se manifestar entre a 2ª e 6ª décadas de vida, associada com comorbidades predisponentes: estados debilitantes, imunossupressão, doenças colorretais e urogenitais, pós-operatório e trauma. Em nosso serviço observamos uma maior prevalência dessa patologia em pacientes imunodeprimidos, acamados e com baixa condição social, que muitas vezes por vergonha ou desconhecimento, são vítimas de abscesso não tratados precocemente e que evoluem com Fournier.
RELATO DE CASO
A.G.A, masculino, 67 anos, comparece ao PS/Cirurgia Geral do HRT com queixa de hematúria macroscópica intermitente há 10 dias com piora progressiva, associada a dificuldade de iniciar micção há 3 dias. Tabagista de longa data, etilista, portador de Carcinoma papilífero vesical, em acompanhamento, e passado de diversas internações devido a quadros semelhantes. Durante essa internação foi submetido à Cistoscopia, que demonstrou presença de coágulos em uretra bulbar e prostática, bexiga com paredes irregulares - presença de trabeculações, divertículos e grande quantidade de coágulos. Evoluiu com hematúria persistente, edema em escroto e presença de vazamento peri sonda vesical de demora. Abrindo, então, quadro de gangrena de Fournier em região de períneo/bolsa testicular - necrose dessa região após 24h do início de edema. Submetido a desbridamento em centro cirúrgico, durante procedimento, foi observada a saída de urina pelo tecido necrótico e exposição da sonda vesical de Foley por meio de uma lesão na uretra. Logo, é provável que a fasciíte necrosante tenha resultado do extravasamento de urina pela lesão uretral, que proporcionou meio de cultura. Após o desbridamento e junto com a antibioticoterapia, realizou 8 sessões de câmara hiperbárica, porém o processo infeccioso o debilitou, impossibilitando-o de ser submetido à cistectomia radical – neoplasia maligna de bexiga. Paciente evolui com óbito após 01 mês do início da fasciíte necrosante.
DISCUSSÃO
Apesar de ter sido utilizado todo o arsenal disponível para o tratamento da gangrena, A.G.A apresentava um quadro clínico de imunossupressão exacerbada, comum à fascíite. Exames de imagem demonstraram, também, metástase à distância em pulmão e acometimento de linfonodos regionais. Corroborou com a literatura, alta mortalidade (20%), evidenciando a importância de prevenção de infecção e abordagem precoce cirúrgica.
Área
PAREDE ABDOMINAL
Instituições
Hospital Regional de Taguatinga - Distrito Federal - Brasil
Autores
Camila Temporim de Alencar, Mariana Magalhães Rodrigues Santos, Derval Pereira Pinto Junior, Jae de Oliveira Silva, Paula de Souza Pereira, Micael Cruz Santana, Marine Gontijo Freitas, Bárbara Stephane de Medeiros Jerônimo