Dados do Trabalho


TÍTULO

PLASTRAO APENDICULAR EM FOSSA ILIACA DIREITA APOS TRATAMENTO DE HERNIA DE AMYAND

INTRODUÇÃO

A apendicite pseudotumoral ocorre em cerca de 7% dos casos de apendicite aguda. Ocorre bloqueio do apêndice por epíplon, peritônio parietal e alças intestinais que formam uma massa tumoral. Clinicamente observa-se massa palpável em fossa ilíaca direita (FID), ritmo intestinal mantido, sinais de irritação peritoneal pouco intensos e evolução de 5 a 10 dias.

RELATO DE CASO

B. A. G., masculino, 5 anos, foi levado pelos pais ao serviço de emergência de Jataí com relatos de inapetência, febre, irritabilidade e dor abdominal há 3 dias. A criança apresentava dor à palpação abdominal, massa palpável em FID associada à irritação peritoneal cecal e sinal de Blumberg presente. O pai relata que há 4 anos, a criança passou por uma cirurgia de correção de hérnia de Amyand com apendicectomia. Tomografia computadorizada evidenciou processo inflamatório em FID com provável apendicite aguda com bloqueio cecal. O paciente foi submetido a uma laparotomia exploratória e visualizou-se processo inflamatório em ceco, associado a tumoração de 18x8 cm, com perfuração, abscesso e bloqueio cecal. Ele possuía cicatriz compatível com herniorrafia de Amyand e, no intraoperatório, o apêndice não foi encontrado, corroborando com o relato do pai. Havia presença de linfonodomegalia em mesocólon direito e de trave fibrótica originada na base cecal, com extensão até anel inguinal interno direito, com sua extremidade aderida nessa estrutura. Optou-se pela realização de hemicolectomia direita com princípios oncológicos e anastomose íleo-cólon transverso término-lateral.
O paciente permaneceu internado por 7 dias, hemodinamicamente estável e sem intercorrências. O exame histopatológico (EH) revelou hiperplasia linfoide folicular, tecido conjuntivo denso adjacente a tecido muscular estriado esquelético com infiltrado inflamatório crônico linfocítico e necrose transmural associada a áreas de abscedação e hemorragia, peritonite aguda intensa e hiperplasia linfoide folicular reacional nos linfonodos pericólicos. Não havia sinais de malignidade.

DISCUSSÃO

Apesar do relato de apendicectomia, os sinais clínicos sugeriam um quadro de apendicite e a hipótese não foi descartada. Durante a cirurgia e exame histopatológico, o alto grau de inflamação e a presença de abscessos intestinais não permitiram a identificação do apêndice, o que levantou a hipótese de tiflite não-neutropênica sem que fosse descartada uma apendicite pseudotumoral de coto.
Tiflite se refere à inflamação do ceco em crianças com neutropenia, podendo estender-se por íleo terminal e apêndice. Entretanto existem relatos de casos raros na literatura de pacientes não-neutropênicos que apresentaram essa patologia. Tiflite e plastrão apendicular podem receber tratamento conservador com antibioticoterapia, porém quase sempre é realizada a intervenção cirúrgica, já que o quadro se confunde com outras patologias. O aparecimento de massa em casos de plastrão pode levar à hipótese de câncer de cólon, resultando em hemicolectomia direita desnecessária.

Área

COLOPROCTOLOGIA

Instituições

UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIAS REGIONAL JATAI - Goiás - Brasil

Autores

Sabrina Rafaela de Jesus Pimenta, Carlos Alberto Luchini da Silva, Izabella Costa Amaral, Thayanne Souza Moreira Ramos, Sanmer Jhaffer Santos Ferreira, Guilherme Braga Silva