Dados do Trabalho


TÍTULO

TERAPEUTICA CONSERVADORA EM LESAO DE BEXIGA INTRAPERITONEAL: RELATO DE CASO

INTRODUÇÃO

Lesões de bexiga traumáticas são infrequentes, resultando de traumas fechados, penetrantes ou causas iatrogênicas. Na maioria das vezes, são consequentes aos traumas contusos e caracterizam-se pela dor suprapúbica, dificuldade de micção e hematúria. Essas lesões classificam-se em extraperitoneal (60%) ou intraperitoneal. Em geral, a lesão intraperitoneal tem manejo cirúrgico, porém condutas recentes sugerem práticas conservadoras. Objetiva-se discutir através do caso o manejo conservador em vítima de lesão vesical intraperitoneal.

RELATO DE CASO

Paciente 39 anos, masculino, alcoólatra, procurou a urgência apresentando dor abdominal difusa, vômitos pós-prandiais e constipação intestinal há 3 dias. Relata ter sido vítima de agressão há 4 dias, quando foi atendido em outro nosocômio e colocada a Sonda Vesical de Demora (SVD); ao ser retirada, observou-se aumento do volume abdominal. Ao exame físico do segundo atendimento: estado geral regular, fácies de dor, desidratado (2+/4+), afebril e anictérico. Auscultas cardiopulmonares sem alterações. Abdome globoso, doloroso, maciço à percussão, depressível. Sinal de Piparote positivo, além de descompressão brusca, Murphy e Giordano negativos. Desconhece comorbidades ou alergias. A ultrassonografia de abdome total evidencia fígado com alteração textural, compatível com hepatopatia crônica associada a ascite acentuada. Exames laboratoriais: creatinina (6,7mg/dl), ureia(244,37mg/dl), proteína C reativa(37,75mg/l),proteínas totais (0,4g/dl). Função hepática e hemograma inalterados. Na tomografia computadorizada sem contraste de abdome e pelve foi identificado volumoso líquido livre em cavidade abdominal, associado a focos de retração da cápsula hepática e edema em parede abdominal esquerda sugestiva de contusão. Após paracentese (1300 mL), o líquido ascítico apresentava 1840 leucócitos/mm³, 4000 hemácias/mm³ e conteúdo com aspecto de urina (Ur 241/Cr 29), concluindo ascite urinária. O parecer da nefrologia indica insuficiência renal aguda (IRA) pós-renal, por provável lesão do trato urinário, sendo solicitada cistografia miccional (CM), prescrito hidratação venosa vigorosa e SVD. Paciente evoluiu com melhora clínico laboratorial após tratamento conservador, não sendo evidenciado escape de urina à CM.

DISCUSSÃO

O caso é sugestivo de lesão vesical associada a IRA. No entanto, o paciente apresentava “auto-diálise reversa” da membrana peritoneal, justificando aumento sérico de escórias urinárias. Tradicionalmente, reparo cirúrgico em lesões intraperitoneais é utilizado e deve ser preferido em paciente sépticos, roturas recidivantes ou intolerantes ao cateter vesical. Entretanto, abordagem conservadora no tratamento de pequenas rupturas intraperitoneais deve ser considerada, se essas condições são encontradas: ausência de sinais de sepse, profilaxia antibiótica e drenagem urinária por SVD durante 2 semanas até que ocorra oclusão da perfuração. É fundamental observar a evolução dos pacientes com CM.

Área

UROLOGIA

Instituições

EMCM/UFRN - Rio Grande do Norte - Brasil

Autores

ANTONIO BIZERRA WANDERLEY NETO, JÚLIA MEDEIROS MARTINS, THOMAS DI NARDI MEDEIROS, REBECCA RENATA LAPENDA DO MONTE, SÉRGIO TADEU DE SOUZA COSTA FILHO, MATHEUS AURÉLIO MEDEIROS DE SOUSA TORRES, FRANCISCO DE ASSIS FERNANDES TAVARES, RODRIGO CÉSAR LIMA DE OLIVEIRA