Dados do Trabalho


TÍTULO

HERNIA DE AMYAND: RELATO DE CASO

INTRODUÇÃO

A hérnia de Amyand foi descrita por Claudius Amyand em 1735. Consiste na protusão do apêndice cecal dentro do saco herniário de uma hérnia inguinal. Tem baixa prevalência na população, em torno de 1% das hérnias inguinais, portanto, é uma condição extremamente rara no meio médico e seu diagnóstico, majoritariamente, é realizado no intra-operatório. Relatamos o caso de um paciente do sexo masculino, que realizou cirurgia eletiva de hérnia inguinal direita no serviço de Cirurgia Geral do Complexo Hospitalar Santa Casa de Bragança Paulista, sendo diagnosticado hérnia de Amyand à direita com apêndice cecal saudável, durante o ato cirúrgico.

RELATO DE CASO

Paciente do sexo masculino, 71 anos, em acompanhamento ambulatorial no serviço de Cirurgia Geral do Complexo Hospitalar Santa Casa de Bragança Paulista por uma hérnia inguinal direita, sem sinais de encarceramento ou estrangulamento, diagnóstico firmado pela anamnese e exame físico, com presença de abaulamento em região inguinal direita à manobra de Valsalva, sem necessidade de exames complementares. Agendado cirurgia eletiva. Durante ato operatório, foi identificado hérnia inguinal indireta. Ao explorar o saco herniário, notou-se a presença do apêndice cecal saudável, sem sinais inflamatórios. Optou-se pela realização da apendicectomia profilática seguido da correção da hérnia com técnica sem tensão com uso de tela protética de polipropileno (Lichtenstein). Paciente apresentou boa evolução do pós-operatório, recebendo alta hospitalar no dia seguinte. Sete dias após a cirurgia, retornou ao ambulatório, assintomático, com boa cicatrização de ferida operatória, sem sinais de infecção, recebendo, portanto, alta ambulatorial.

DISCUSSÃO

Hérnia de Amyand é uma condição nosológica rara, com prevalência em torno de 1% de todas hérnias inguinais. Foi primeiramente diagnosticada e tratada pelo cirurgião inglês Claudius Amyand em 1735. Diagnóstico pré-operatório é praticamente impossível de ser firmado, sendo majoritariamente diagnosticada de forma incidental durante o ato cirúrgico. Incidência maior em homens, independente da idade. Não há consenso na melhor conduta cirúrgica. Há autores que optam pela realização de apendicectomia profilática, em casos de apêndice saudável, seguido de correção da hérnia com uso de tela protética. Porém, há autores que sugerem reduzir o apêndice cecal saudável e não realizar apendicectomia, devido ao risco de contaminação da tela de polipropileno. Em casos em que há apendicite associada, a discussão gira em torno da técnica de correção da hérnia, com uso de tela protética (porém aumentando o risco de infecção da mesma) ou com outra técnica sem uso de prótese. No caso apresentando, foi optado pela realização de apendicectomia profilática e correção da hérnia com técnica de Lichtenstein. Não há ainda consenso na literatura médica de qual a melhor conduta a ser seguida, havendo necessidade de mais estudos e mais relatos para que haja um consenso terapêutico cirúrgico.

Área

PAREDE ABDOMINAL

Instituições

Complexo Hospitalar Santa Casa Bragança Paulista - São Paulo - Brasil

Autores

Fernando Baratella de Assis, Paola Romani Nardi Ferreira, Marilia Funck de Lima