TÍTULO

AGENESIA DE VESICULA BILIAR E COLANGIOCARCINOMA EM SINDROME COLESTATICA

INTRODUÇÃO

O colangiocarcinoma é um tumor raro, de origem nas células epiteliais dos ductos biliares e que, dependendo do seu local de acometimento, possui características e tratamentos específicos. A agenesia da vesícula biliar também é uma anomalia rara, geralmente achada incidentalmente. Este trabalho relata uma paciente portadora das duas patologias acima apresentada de uma forma clássica: a síndrome ictérica de padrão colestático.

RELATO DE CASO

Paciente feminina, 52 anos, apresentou queixa de dor abdominal há 30 dias, intermitente em hipocôndrio direito, com piora pós- prandial, associada à náuseas e febre não aferida. Ao exame físico apresentava-se com queda do estado geral, ictérica 2+/4+, emagrecida e com dor à palpação de hipocôndrio direito. Na tomografia de abdômen observou-se discreta dilatação das vias biliares intra-hepáticas esquerda, colédoco preservado e vesícula biliar ausente, sem antecedentes de remoção cirúrgica. A colangioressonância magnética evidenciou uma formação irregular e hipovascularizada no fígado, envolvendo o ramo esquerdo da veia porta e dilatação das vias biliares do lobo hepático esquerdo com estenoses associadas. Com o padrão de icterícia colestática associada à marcadores tumorais (CA 19-9) elevados, optou-se por realizar uma biópsia hepática guiada por ultrassonografia que confirmou a hipótese de colangiocarcinoma. A paciente foi submetida à colangiografia transcutânea com derivação biliar interna com prótese que não venceu a obstrução neoplásica.

DISCUSSÃO

O colangiocarcinoma é um tumor maligno raro, originário do epitélio biliar, atingindo qualquer parte do ducto biliar sendo a forma intra- hepática o tipo mais raro. Devido a sua clínica ser inespecífica em fases iniciais, o diagnóstico costuma ser tardio e difícil, sendo o tratamento cirúrgico a única forma de aumentar a sobrevida ou curar. Neste caso a paciente apresentava os sintomas mais frequentes descritos na literatura: dor abdominal, anorexia, náuseas e icterícia. Além do marcador tumoral CA 19-9 estar geralmente elevado no colangiocarcinoma. Casos de agenesia de vesícula são extremamente raros, sendo relatados 413 casos na literatura mundial e não mais que 3 casos em revistas médicas latino-americanas. Sendo assim, a associação de colangiocarcinoma com agenesia de vesícula biliar é ainda menor, com apenas um caso relatado de agenesia sincrônica da vesícula biliar e colangiocarcinoma. Ressaltamos a importância desse caso para a literatura, visto que relatos desse tipo são escassos.