TÍTULO

ISQUEMIA MESENTÉRICA

OBJETIVO

A isquemia mesentérica representa uma emergência cirúrgica apresentando alta mortalidade. Tem como os principais sintomas a tríade de dor abdominal de alta intensidade, perda de peso e inapetência. Constituem as principais causas de isquemia: embolia arterial cardiogênica, trombose arterial, trombose venosa mesentérica e isquemia mesentérica não-oclusiva. O sucesso terapêutico depende, majoritariamente, do diagnóstico precoce e intervenção terapêutica imediata.
O presente trabalho tem como objetivo caracterizar o quadro clínico de pacientes com isquemia mesentérica aguda dentro de um contexto de laparotomias de urgência realizada no mesmo período em um hospital de ensino.

MÉTODO

Análise de prontuários de cinco pacientes com diagnóstico de isquemia mesentérica que foram internados em um hospital do interior do Rio Grande do Sul no período de 2016-2018 consistindo 1,4% das laparotomias de urgência realizadas neste período no serviço. Com base em dados coletados num hospital de ensino no interior do Rio Grande do Sul, foram diagnosticados 5 casos de isquemia mesentérica. Os pacientes apresentavam em média de 70 anos, tendo como fatores de risco tabagismo, diabetes, idade avançada, doença cardíaca associada.

RESULTADOS

Todos os pacientes apresentaram quadro clínico clássico de intensa dor abdominal desproporcional ao exame físico. Dois pacientes foram encaminhados diretamente a laparotomia, outros dois pacientes realizaram tomografia computadorizada de abdome e um realizou ecografia de abdome. A realização dos exames de imagem não foi significativa para decisão de conduta bem como definição diagnóstica. Todos os paciente foram a óbito, em média, no terceiro dia pós- operatório. Dois pacientes iniciaram o quadro após o segundo e quarto dia pós- operatório de colecistectomia videolaparoscópica, ambos com comorbidades (diabete e tabagismo). Outros dois casos caracterizavam-se apenas por dor abdominal. Apenas uma paciente apresentava quadro clínico com fator de risco definido para isquemia mesentérica, pois tinha indicação de by-pass ilíaco-femoral.

CONCLUSÕES

Em quadro sugestivo de isquemia mesentérica, tendo em vista sua letalidade, é imperativo que se faça um diagnóstico clínico correto no menor tempo possível a partir da chegada do paciente instável à unidade de atendimento. A história clínica e exame físico do paciente é importante para a triagem inicial, no entanto, como observado nos casos relatados, uma possível isquemia mesentérica não pode ser descartada. Exames de imagem e laboratoriais também contribuem para a confirmação da suspeita diagnóstica, porém exigem tempo de preparo e de realização que devem ser incorporados à decisão por utilizá-los. A isquemia mesentérica representa um desafio para o médico cirurgião, afinal trata-se de uma patologia letal que apesar de associada com fatores de risco específicos, atinge também pessoas com baixo nível de suspeita. Dessa forma, o rápido diagnóstico torna-se difícil bem como o manejo cirúrgico.