Dados do Trabalho
TÍTULO
RECONSTRUÇÃO ESCROTAL COM RETALHO FASCIOCUTÂNEO SUPEROMEDIAL DA COXA PÓS SÍNDROME DE FOURNIER
INTRODUÇÃO
A Fasciíte necrotizante de períneo ou Gangrena de Fournier é uma infecção polimicrobiana com incidência de 1:7500-1:750000 e possui tratamento predominantemente cirúrgico, cujo papel do cirurgião plástico se estabelece na conduta de reconstrução pós-estabilização clínica do paciente, com técnica de escolha dependendo de fatores relacionados ao defeito propriamente dito e às preferências do cirurgião e do paciente.
RELATO DE CASO
Paciente AMF, sexo masculino, 45 anos, foi internado no Hospital de Emergência-AP uma semana após acidente com animal peçonhento (aranha) em bolsa escrotal. Após cinco dias, evoluiu com o quadro de gangrena de Fournier, acometendo ânus, bolsa escrotal, pênis e períneo, tendo sido submetido a extenso desbridamento e antibioticoterapia de largo espectro. Após vinte dias de internação, foi realizada cirurgia reconstrutora utilizando-se técnica de retalho fasciocutâneo de região medial bilateral das coxas com rotação para confecção da neobolsa testicular, já que o paciente apresentou perda cutânea maior que 50% com túnica vaginalis apresentando tecido de granulação favorável. Após três meses de pós-operatório, o paciente evoluiu com boa vitalidade dos retalhos de coxa e púbis e do enxerto cutâneo no pênis, com função erétil preservada e sem desconforto testicular.
DISCUSSÃO
O retalho fasciocutâneo da região medial da coxa é uma das técnicas mais adotadas, sendo ideal para perdas teciduais extensas e raramente evoluindo com necroses, já que é bastante vascularizado, indicado para diabéticos e vasculopatas, indivíduos mais susceptíveis a quadros de Síndrome de Fournier. Ademais, este retalho é de fácil rotação e proporciona um bom resultado estético, com aparência natural, boa coloração, semelhante distribuição de pelos, correspondência de textura e volume menor do que os retalhos miofasciocutâneos ou livres. Em pacientes obesos, o retalho fasciocutâneo não é indicado, pois resulta em escroto excessivamente espesso. Na maioria dos casos, a necrose é restrita à bolsa testicular e não atinge o funículo espermático. No entanto, nenhuma técnica permite a retração e relaxamento do escroto, dificultando a manutenção da temperatura dos testículos e, por conseguinte, prejudicando a espermatogênese. Dessa forma, para pacientes com desejo reprodutivo, é recomendado que realizem coleta e congelamento do esperma entre os três primeiros meses de reconstrução escrotal.
Área
CIRURGIA PLÁSTICA (Inclusive neoplasias malignas de pele)
Instituições
Universidade Federal do Amapá - Amapá - Brasil
Autores
Aliéksei Clairefont de Andrade Mello, Lucas Facco, Yasmin Cristina Oliveira, Lecildo Lira Batista, Thiago Afonso Teixeira