Dados do Trabalho
TÍTULO
HERNIA DE AMYAND: RELATO DE CASO E REVISAO BIBLIOGRAFICA
INTRODUÇÃO
A hérnia de Amyand é uma doença rara com incidência clássica estimada em 1% de todas as hérnias. Essa entidade clínica se caracteriza pela presença do apêndice vermiforme dentro do saco herniário em uma hérnia inguinal encarcerada ou estrangulada. Esse trabalho se dedica a revisão bibliográfica sobre as condutas no intra-operatório quanto ao uso de tela, realização de apendicectomia e outros desfechos correlacionados.
RELATO DE CASO
Paciente masculino, 42 anos de idade, previamente hígido, apresentou-se em maio de 2018 no ambulatório da Santa Casa de Ribeirão Preto com queixa de abaulamento em região inguinal direita há seis meses associado a episódios esporádicos de dor limitante e pouca redutibilidade. Referia que a dor intensificou há 30 dias, porém com trânsito intestinal preservado e negava febre ou outros sinais de alarme. Ao exame: hérnia inguinal direita parcialmente irredutível. Realizado exames laboratoriais sem alterações. O paciente foi prontamente aceito em internação hospitalar para hernioplastia inguinal a direita (técnica de Lichtenstein). No intra-operatório, ao expor o saco herniário havia apêndice normal sem qualquer perfuração ou inflamação. Não realizada apendicectomia e simplesmente a redução do conteúdo para a cavidade peritoneal seguida do fechamento do saco e colocação da tela de polipropileno. O paciente estava assintomático no seguimento de seis meses.
DISCUSSÃO
O tratamento clássico da hérnia de Amyand inclui apendicectomia e hernioplastia através da mesma incisão. Entretanto, há dois grandes debates: a realização de apendicectomia sem sinais de apendicite aguda e o uso de tela para reparo da hérnia em situações em que se realize a apendicectomia. No presente caso foi optado pelo uso de tela e não foi realizado apendicectomia. Segundo Losanoff e Basson, na hérnia de Amyand do tipo 1 descrita neste relato, é aconselhado reduzir o apêndice ou considerar apendicectomia preventiva em pacientes jovens devido terem mais chance de desenvolver apendicite ao longo da vida. PSARRAS et al, em relação ao procedimento preventivo, independentemente da idade do paciente, discorda da realização da apendicectomia, já que aumenta o risco intra-operatório e pode transformar uma cirurgia limpa em uma cirurgia contaminada. Losanoff e Basson, sugerem na vigência de apendicectomia não utilizar tela para reparar a hérnia por aumentar a chance de infecção de ferida operatória, sepse, formação de fístula e recidiva da hérnia. PARK et al, afirmam que o uso de tela é contraindicado mesmo na realização de apendicectomia sem sinais inflamatórios, porém indica o uso da tela em hérnias maiores pois apresentam maiores chances de recidiva em correções feitas sem prótese. Fica evidente que há claras controvérsias na literatura sobre tratamento da hérnia de Amyand e se faz necessário estudo multicêntrico com uma série de casos para padronizar conduta no intra-operatório e correto seguimento ambulatorial.
Área
PAREDE ABDOMINAL
Instituições
SANTA CASA DE RIBEIRÃO PRETO - São Paulo - Brasil
Autores
PAULO ROBERTO FONTES MEGA, TOMÁS PATRICIO SMITH-HOWARD JR , WEBER RIBOLLI MORAGAS, VITOR BORGES GUIMARÃES, PAULO FERREIRA MEGA