Dados do Trabalho
TÍTULO
GESTAÇAO ECTOPICA ABDOMINAL DE DIFICIL DIAGNOSTICO TRATADA CIRURGICAMENTE: RELATO DE CASO
INTRODUÇÃO
Gestação ectópica abdominal (GEA) é definida como implantação do embrião dentro da cavidade peritoneal, representando cerca de 1-1.3% das gestações ectópicas com incidência estimada de 1:10000 nascidos vivos (BOUYER et al., 2002). Relata-se um caso de GEA de difícil diagnóstico tratado com laparotomia por incisão de pfannenstiel.
RELATO DE CASO
A.G.F.S., feminino, 17 anos, deu entrada na emergência do Hospital e Maternidade Nossa Senhora Aparecida, em Caldas Novas - GO, com dor intensa em baixo ventre e histórico de, no último mês, dor abdominal e sangramento vaginal de leve a severa intensidade associados com distensão abdominal, disúria e vômitos. Nesse período, exames físico, laboratorial e de imagem estavam normais, recebendo diagnóstico de abortamento completo de 6 semanas há 5 semanas (ultrassonografia transvaginal - US-TV com ausência de saco embrionário no útero e anexos). Resultado exames atuais: β-HCG positivo; blumberg positivo; tomografia de abdome com massa densa arredondada heterogênea de +/- 8 cm entre útero e bexiga, densificação anormal do mesentério e de gordura intraperitoneal pélvica; US-TV com volumosa massa na região vésico uterina; hemoglobina 9,3 g/dL hematócrito 28,9% hemácias 3,31 milhões/ µL. A hipótese diagnóstica foi de abdome agudo hemorrágico com suspeita de gestação ectópica (GE) rota. Paciente foi encaminhada para laparoscopia, evidenciando um bloqueio epiploico da pelve devido massa de coágulo. Houve conversão para laparotomia por incisão de pfannenstiel. Foi feita extração dos coágulos e omentectomia distal. Foram visualizados: útero, trompas e ovários normais; grande quantidade de fibrina na região vésico uterina. Não foi encontrado lesão ou perfuração nas estruturas. A pelve foi lavada, drenada e fechada. A paciente recuperou bem. A análise histopatológica de epíplon e coágulos revelou quadro compatível com GEA, com embrião alojado entre bexiga e parede anterior do útero.
DISCUSSÃO
A dificuldade em diagnosticar GEA é preocupante visto a alta morbimortalidade materna associada (ABDULJABBAR et al., 2018). O diagnóstico pode ser feito pela dosagem de β-HCG, US-TV e sinais clínicos, como dor abdominal intensificada pela movimentação fetal; vômitos; alterações gastrointestinais; sangramento vaginal (DUBEY et al., 2016). De incomum, A.G.F.S. relatou disúria, que pode estar associada ao local de implantação do embrião. Ademais, na primeira US-TV não foram encontradas alterações, possivelmente pela morte precoce do feto (ALMEIDA et al., 2008). O tratamento cirúrgico é o mais recomendado nesses casos (FRÓIS et al., 2010). Na laparoscopia, a massa de coágulo prejudicou a visualização da pelve. Com reversão para laparotomia, o procedimento terminou sem complicações. A análise histopatológica dos tecidos confirmou GEA, já que não foi identificado feto ou placenta no intra-operatório. Em suma, é essencial a investigação de GEA em casos assim, pois o prognóstico materno depende do diagnóstico recente e tratamento adequado.
Área
GINECOLOGIA
Instituições
UNIVERSIDADE FEDERAL DO TRIANGULO MINEIRO - Minas Gerais - Brasil
Autores
PAULA CRISTINA SANTOS SOARES, WESLEY TROBILIO VIEIRA