Dados do Trabalho
TÍTULO
TRATAMENTO LAPAROSCOPICO DE APENDICITE CAUSADA POR DISPOSITIVO INTRAUTERINO (DIU)
INTRODUÇÃO
O Dispositivo Intrauterino (DIU) é um dos mais efetivos métodos contraceptivos reversíveis, utilizado por mais de 150 milhões de mulheres no mundo. Dentre as complicações deste procedimento está a perfuração uterina durante sua inserção, evento raro e grave que ocorre em 1 a cada 1000 inserções. Além de lesionar a parede uterina, aproximadamente 15% destes casos afetam órgãos adjacentes.
RELATO DE CASO
paciente de 30 anos, previamente assintomática, relata que durante ultrassonografia transvaginal (USG-TV) para verificar disposição do DIU, após 40 dias de sua introdução em uma UBS, identificou-se dispositivo em localização ectópica no fundo de saco posterior. Durante a realização do exame, a paciente apresentou um episódio de dor intensa e súbita, em pontada, sem irradiação, em região perianal. Nega outros episódios de dor, náuseas, vômitos, febre, sudorese, calafrios, hiporexia. Três dias após o exame, submeteu-se à cirurgia para retirada do corpo estranho. À laparoscopia exploradora, evidenciou-se secreção purulenta em fundo de saco de Douglas e o dispositivo transfixando a parede uterina posterior, com bloqueio pelo apêndice vermiforme, o qual encontrava-se perfurado e inflamado. Procedeu-se com extração do DIU, apendicectomia e lavagem vigorosa da cavidade, não sendo necessária rafia da parede uterina. A paciente evoluiu bem no pós-operatório e recebeu alta com sintomáticos em 12h. No retorno, após 7 dias, apresentava-se sem sintomas e com resultado estético ideal.
DISCUSSÃO
o uso do DIU, apesar de seguro, está sujeito à ocorrência de complicações, como expulsão do dispositivo, infecção pélvica e perfuração uterina. Embora seja rara, esta última complicação é grave devido ao potencial lesivo de estruturas adjacentes, como bexiga, reto, sigmoide e, com poucos casos descritos, apêndice. Dentre os fatores de risco para perfuração estão a inserção no pós-parto imediato, devido à fragilidade da parede uterina neste período, e fatores anatômicos, como úteros demasiadamente ante ou retrovertidos. A apendicite causada por DIU pode apresentar-se como um quadro semelhante aos de outras etiologias ou, como neste caso, evoluir de forma assintomática. O diagnóstico pode ser confirmado com USG e o tratamento deve ser instituído preferencialmente por via laparoscópica. Conclusão: A perfuração uterina por DIU é rara, e seu bloqueio pelo apêndice mais raro ainda, podendo ser tratado de modo eficaz por laparoscopia.
Área
URGÊNCIAS NÃO TRAUMÁTICAS
Instituições
UniCEUB - Distrito Federal - Brasil
Autores
Laisla Cristina Souza, Thiago Silva Ribeiro, Vitória Vieira, Pedro Henrique Morais, Caroline Anjos