Dados do Trabalho
TÍTULO
ANALISE DA RELAÇAO DO TRANSPLANTE HEPATICO COM O SURGIMENTO DE UM LINFOMA NAO-HODGKIN EM UM PACIENTE
INTRODUÇÃO
A ocorrência de neoplasias, em particular de doença linfoproliferativa, tem sido reconhecida como uma causa importante de morbidade e mortalidade tardia em pacientes submetidos a transplante de órgãos sólidos. Acredita-se que a redução da vigilância imunológica contra o surgimento e proliferação de células neoplásicas, em decorrência do uso de medicações imunossupressoras para evitar rejeição, tenha papel preponderante no surgimento e desenvolvimento destas neoplasias. Relatamos o caso de um paciente que desenvolveu linfoma não-Hodgkin um ano e meio após um transplante hepático, com implantes difusos em vários órgãos, porém apresentando excelente resposta ao tratamento quimioterápico.
RELATO DE CASO
Paciente de 47 anos, sexo masculino, diagnosticado há 12 anos com cirrose hepática por álcool, apresentando episódios de encefalopatia hepática e ascite. Ex-etilista de destilados por 30 anos, em abstinência há 5 anos. Submetido a transplante hepático há 3 anos com escore de Child-Pugh de 9 (B) e escore do Model for End-stage Liver Disease (MELD) de 17, com um tempo total de internação hospitalar de 6 dias. Um ano e seis meses após o transplante, o paciente evoluiu com quadro de astenia, inapetência, perda ponderal e dor abdominal. Encontrava-se em uso dos imunossupressores Tacrolimus e Micofenolato sódico. Realizou tomografia computadorizada de crânio, tórax e abdome, apresentando lesões em órbita, calota craniana, implantes em pericárdio e pleura com derrame pleural à direita, volumoso lesão hepática e linfonodos abdominais alterados sugestivos de implantes metastáticos. Foi realizada a biópsia do fígado, que revelou linfoma não-Hodgkin B de células grandes, com padrão de crescimento difuso, infiltrando tecido hepático. A imunossupressão foi trocada por Everolimus, e o paciente foi referenciado para serviço de oncohematologia. Durante o tratamento quimioterápico, apresentou quadro de obstrução intestinal por aderências, sendo submetido a laparotomia exploradora com lise de bridas, obtendo boa evolução. Posteriormente, iniciou quadro febril, sendo diagnosticado com infecção de cateter central por Klebsiella pneumoniae resistente a carbapenêmicos (KPC) e E. coli com beta lactamase de espectro estendido (ESBL), sendo tratado com a retirada do cateter e Vancomicina e Amicacina. Apesar do caráter agressivo do tumor, uma tomografia computadorizada por emissão de pósitrons (PET-CT) realizado há 4 meses revelou boa resposta ao tratamento quimioterápico, sem lesões hipermetabólicas sugestivas de doença linfoproliferativa em atividade.
DISCUSSÃO
As neoplasias surgidas no contexto da imunossupressão associada ao transplante de órgãos tendem a ser mais agressivas, e seu tratamento é mais complexo devido ao estado imunossuprimido do paciente. Embora o paciente do caso descrito tenha apresentado uma oclusão por bridas e uma infecção de corrente sanguínea durante o tratamento do linfoma, ele evoluiu de maneira favorável ao tratamento quimioterápico.
Área
TRANSPLANTE DE ÓRGÃOS
Instituições
Instituto de Cardiologia do Distrito Federal - Distrito Federal - Brasil
Autores
Nadja Gabriela Soares Azevedo, Lucas Machado da Rocha Tarlé, Laura Viana de Lima, Eduardo Resende Sousa e Silva, André Luis Conde Watanabe, Natália de Carvalho Trevisoli, Renata Pereira Fontoura , Gustavo de Sousa Arantes Ferreira