Dados do Trabalho


TÍTULO

PROLAPSO GENITAL CONCOMITANTE COM PROLAPSO RETAL

INTRODUÇÃO

A Sociedade Internacional de Continência Urinária define prolapso genital como descenso de órgãos pélvicos pelo canal vaginal. A sustentação dos órgãos pélvicos é mantida por interações complexas e coordenadas entre musculatura do assoalho pélvico, fáscia endopélvica e parede vaginal. A ruptura da integridade desses fatores gera prolapso dos órgãos da pelve, afetando o funcionamento dos sistemas relacionados e a qualidade de vida da paciente. Essa condição é mais prevalente em mulheres (30-60%) e aumenta com a idade.

RELATO DE CASO

Paciente feminina, 82 anos, G5PN5A0, viúva, buscou o serviço de uroginecologia de sua regional de saúde, referindo prolapso uterino há 5 anos, associado a incontinência urinária e fecal devido a prolapso retal há 1 ano. Foi realizado POP-Q evidenciando prolapso uterino estadiamento 4C (BUMP: Aa=+3, Ba=+8, C=+10, D=+7, Bp=+7, Ap=+3, Hg=5, Cp=3, CVT=10), prolapso retal sem perda urinária e incontinência fecal a manobra de Valsalva. USG transvaginal: prolapso uterino total. Videocolonoscopia: pólipos colônicos com biópsia revelando adenoma tubular em ceco e cólon transverso, ambos com neoplasia intra-epitelial de baixo grau. Risco cirúrgico Classe III de Goldman. Paciente fora submetida a Colpocleise a LeFort com Perineoplastia e Retossigmoidoscopia de Altermeier. Evoluiu sem intercorrências, com alta no 4º dia pós-operatório. Após 7 dias da alta hospitalar, apresentou melhora do tônus retal e da continência. Acompanhamento uroginecológico programado anualmente.

DISCUSSÃO

O prolapso genital possui etiologia multifatorial como sexo feminino, multiparidade, hipoestrogenismo, idade avançada e doenças crônicas associadas ao aumento da pressão intra-abdominal. Os sintomas estão relacionados a sensação de peso na vagina e incontinência urinária. As opções terapêuticas devem ser individualizadas, considerando o grau do prolapso, sintomas e a saúde geral da paciente. A correção cirúrgica reconstrutiva ou obliterativa costuma ser opção de escolha para tratamento das distopias genitais. A Colpocleise a LeFort, realizada no caso, é preferencialmente realizada em idosas, que não desejam uma vida sexual. Relatos de casos permitem concluir que essa técnica é eficaz, com taxas de sucesso de 91-100%, a longo prazo, taxa de arrependimento de 5% e taxa de satisfação 85-100%. A incontinência urinária de esforço comumente está associada aos prolapsos genitais e estudos mostram que realizar a cirurgia de continência no momento da cirurgia de prolapso pode ser benéfico. O prolapso retal está presente em 2,5/100.000 habitantes e caracteriza-se pela eversão de toda espessura da parede retal através do ânus. A sintomatologia é vaga, pode ocorrer tenesmo, dor, incontinência ou sangramento ao evacuar. A conduta é cirúrgica, uma das técnicas é a de Altermeier (retossigmoidectomia via perineal) recomendada em idosos e pacientes com comorbidades. Apesar de taxa de recidiva (16%), tem baixas taxas de complicações e possibilita rápida recuperação.

Área

GINECOLOGIA

Instituições

Universidade Católica de Brasília - Distrito Federal - Brasil

Autores

Laís Ribeiro Vieira, Paula Faria Campos, Rodrigo Caires Campos, Pedro Henrique Nunes de Araújo, Fernanda Guedes Ferreira, Fernando José Silva de Araújo, Nadja Nóbrega de Queiroz, Gilmária Borges Sousa